Um projeto da Prefeitura de Curitiba, que envolve recursos do governo federal, prevê a realocação de 421 famílias que atualmente residem de forma irregular às margens do Rio Atuba, no Bairro Alto.

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No entanto, o que poderia significar um recomeço e um reencontro com a dignidade em um imóvel legalizado é motivo de apreensão entre os moradores das vilas Paraíso e Higienópolis I, II e III.

O objetivo da Prefeitura é retirar as famílias da margem do rio para preservar a mata ciliar, além de melhorar as condições de moradia de famílias que estariam sob risco de enchentes no local. O custo total do projeto de realocação, que tem prazo de 12 meses para ficar pronto, é de R$ 14,2 milhões.

Contudo, os moradores, que temem perder o que já investiram nas casas, reclamam indenizações para deixar os imóveis. Já para a Prefeitura, eles não teriam direito às indenizações justamente porque estariam em terrenos sem escritura e irregulares.

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Além disso, os moradores contam que terão que fazer obras de melhorias nas casas construídas pela Companhia de Habitação (Cohab). A moradora Adriane Borges de Lima afirma que os imóveis não teriam calçadas, piso e muros entre os terrenos.

“Vão colocar a gente numa casa crua e numa dívida de 30 anos”, diz. Já a assessoria de imprensa da Prefeitura confirma que as casas terão pisos de cimento, mas ressalta que os moradores poderão fazer os acabamentos da forma que desejarem.

Allan Costa Pinto
Adriane teme perder o que investiu.
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Adriane teme perder o ponto comercial que significa o sustento de toda a família. “Não sabemos se vão dar ponto comercial para a gente”, indaga a moradora, que também contesta a justificativa de que haveria risco de ver seu imóvel invadido pela água do rio, numa possível enchente. “Estão dizendo que é local de risco, mas não entra água aqui.”

A Prefeitura de Curitiba responde que os moradores que mantêm atividades comerciais poderão desenvolver o comércio na nova moradia. A Prefeitura ressalta ainda que todos os projetos de relocação também envolvem projetos sociais.

Os imóveis de 91 famílias – que estão em áreas de situação irregular mas não são atingidas pela margem de 30 metros a partir do leito do rio – deverão ser regularizados. Em toda a cidade, a Prefeitura pretende realocar 4,7 mil famílias nos próximos dois anos.