Foto: Chuniti Kawamura

Vila Becker: protesto.

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Moradores da Vila Becker, bairro de Paranaguá onde as casas estão cercadas por empresas que trabalham com produtos tóxicos e inflamáveis, realizaram um protesto ontem contra a possibilidade de realocação das cerca de 400 famílias que moram no local. O problema começou quando a Prefeitura refez o zoneamento urbano e classificou a área como zona de interesse portuário.

Em agosto, técnicos da Companhia Paranaense de Habitação (Cohapar) estiveram na vila para cadastrar os moradores e abriram a possibilidade da mudança. As pessoas reclamam que não vão ser indenizadas, que as novas casas não terão o mesmo valor das atuais e que o local onde podem ser construídas não é adequado. ?Sabemos que estamos em uma área de grande risco. As empresas formaram uma ferradura em volta das casas. Mas não dá para simplesmente tirar as pessoas daqui e jogar em qualquer lugar porque as casa vieram antes?, reclamou o comerciante Renato Francisco da Silva, que além de trabalhar no local, mora no bairro há dez anos. Segundo ele, os critérios usados pela Cohapar para classificar a renda das famílias não condizem com o patrimônio que elas têm no local. Além disso, o comerciante afirmou que a informação repassada pela Prefeitura é de que as novas casas serão construídas em local chamado Porto Seguro, distante 15 quilômetros da Vila Becker.

Para protestar, as pessoas colocaram narizes e fantasias de palhaço, e levaram faixas pedindo indenização. ?Foi maior do que esperávamos?, contou o vereador Eduardo Oliveira, que há cerca de duas semanas acompanhou os morados ao Ministério Público Estadual (MPE), onde fizeram uma denúncia contra um novo terminal de álcool instalado no local pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). Eles alegam que os terminais se aproximaram ainda mais das casas. Já a Appa alega que foram construídos dentro de todas as normas legais de segurança.

A Cohapar informou que a realocação das famílias ainda está sendo estudada e que o cadastramento das famílias e da renda foi apenas uma primeira fase. A área também não estaria definida. Quanto aos critérios para cadastro de renda, a Companhia de Habitação explicou que é um trabalho-padrão.

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A assessora da regularização fundiária da secretaria de Planejamento de Paranaguá, Vânia Foes, afirmou que a Prefeitura tem uma verba federal para realocar 42 famílias que estão em cima do canal da Anhaia. Ela confirmou que a única área disponível é no bairro Porto Seguro. No entanto, Vânia explicou que as outras famílias serão atendidas pela Appa e pela Cohapar, já que a área é de responsabilidade do porto.