Famílias não deixam área da Prefeitura no São Braz

As cerca de 80 famílias que invadiram um terreno da Prefeitura Municipal de Curitiba, no bairro São Braz, próximo ao Contorno Sul, na noite da última sexta-feira, continuam no local, mesmo depois da juíza da 2.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, Angela Maria Machado Costa, ter expedido mandado de reintegração de posse. Um clima de tensão tomou conta da ocupação na tarde de ontem, quando o oficial de Justiça Olímpio César Huger foi tentar fazer a reintegração de posse, mas não foi atendido pelos invasores.

Acompanhando o oficial, cerca de oitenta guardas municipais acabaram gerando expectativa e medo entre os invasores. Alguns deles acusam a corporação de os ter agredido na manhã de sábado, quando as barracas foram desmanchadas, mas em seguida remontadas pelos invasores.

Ontem, depois de comunicá-los que teriam que sair do local, Huger recebeu um não como resposta. “Peguei o nome de todos eles para anexar aos autos. Agora devo chamar a força policial para os retirar daqui e cumprir a ordem”, explicou, destacando que não sabia quando a Polícia Militar (PM) iria cumprir a determinação.

Sem destino

A maioria das pessoas que está acampada reclama que não tem como ir para outro lugar. Um dos líderes do grupo, Darci Pereira da Silva, mais conhecido como Marcos, pediu que alguém da Prefeitura fosse até o local para tentar encontrar uma solução pacífica. “Queremos um pedaço de terra. Estamos dispostos a pagar por isso”, afirmou.

Todavia, os planos oferecidos pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) não são compatíveis às condições dos invasores. “Ano passado eu fui sorteada, mas tinha que pagar R$ 450, depois prestações de R$ 135. Meu marido recebe R$ 300 para cuidar da família”, contou Casturina Garcia Ribas. Ela destacou que antes de ocupar a área, estava morando de favor na casa de uma cunhada.

Desempregado há seis meses, Rogério da Silva contou que trabalhou numa empresa que prestava serviço à Prefeitura, mas não recebeu. Ele era um dos mais revoltados com a situação. “Se eles tirarem a gente daqui nós vamos fechar a BR para protestar”, ameaçou. Silva contou que sua irmã acabou desmaiando por estar nervosa com a presença da Guarda Municipal. “Tem umas cinco ou seis viaturas que estavam rondando aqui durante todo o dia. Agora chegaram umas vinte viaturas”, disse.

Índios esperam decisão do TRF

As 20 famílias de índios guaranis e caingangues que ocuparam, no último 7 de janeiro, a área da Fundação Espírita, em Piraquara, continuam no local. De acordo com o advogado da Fundação Nacional do Índio (Funai), Derli Cardoso Fiúza, os índios aguardam a decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) para deixar o local.

A expectativa é derrubar a liminar concedida no mês passado pela juíza federal substituta Ana Carolina Morozowski, da 6.ª Vara Federal de Curitiba, que determinou a reintegração de posse da área de 4 alqueires ocupada pelos índios. “Entramos com um agravo de instrumento junto à 4.ª Turma da 4.ª Região do TRF (em Porto Alegre) que está para ser julgado hoje (ontem)”, informou o advogado. Até o final da tarde, no entanto, o desembargador Amaury Chaves de Athayde não havia julgado a ação. O advogado pediu a permissão para que os índios fiquem no local até o julgamento final do processo. (LS)

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo