Trinta e cinco famílias indígenas, remanescentes das tribos caingangue, guarani e xetá, mudaram-se ontem para a aldeia Kakané Porã, construída pela prefeitura de Curitiba no bairro Campo de Santana.
Desde 2002, os índios viviam irregularmente numa área de preservação ambiental no Parque Iguaçu. A aldeia foi construída pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), com recursos do Fundo Municipal de Habitação.
A implantação do projeto é resultado de convênio entre prefeitura, Cohab, Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Funai. O acordo pôs fim a um impasse que durou seis anos, já que os índios haviam se instalado em uma área imprópria para moradia e não poderiam mais permanecer no Parque Iguaçu.
Existem três outras aldeias indígenas urbanas no País, em Campo Grande, Manaus e São Paulo. A Kakané Porã é a primeira da região sul e, segundo Batistelli, da Funasa, é a única com projeto diferenciado.
O cacique Carlos Karjer planeja implantar na aldeia uma área para plantio de ervas medicinais, um viveiro para produção de mudas e uma oficina de artesanato (para reforçar a principal fonte de renda das famílias). “Nós não queremos mais depender de cestas básicas. Queremos andar com nossas próprias pernas”, afirmou.
O nome Kakané Porã, escolhido pelos índios, mistura termos das línguas originalmente faladas pelos caingangues e guaranis e, traduzida para o português, quer dizer “fruto bom da terra”.
O projeto da aldeia foi criado de forma diversificada. As casas têm uma varanda sustentada por troncos e não foram erguidos muros para divisão dos lotes. Estão dispostas numa grande área comum, ao redor de uma praça central.
No meio da praça há uma choupana, espaço que poderá ser usado para o desenvolvimento de atividades comunitárias, como o artesanato. O local também poderá servir para celebrações e para prática de rituais e comemorações típicas da cultura indígena.
A área total de 44 mil metros quadrados inclui um bosque de mata nativa de 9 mil metros quadrados, cuja preservação ficará a cargo dos índios. Os índios que vão morar na aldeia são do interior do Paraná e Santa Catarina.