Foto: Fábio Alexandre |
Espera em Balsa Nova. continua após a publicidade |
Cerca de 20 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que foram trazidos há 20 dias pela coordenação estadual do movimento para ocupar o assentamento Contestado, na Lapa (Região Metropolitana de Curitiba), passaram o dia de ontem numa rua em Balsa Nova, cidade vizinha, esperando que um ônibus fosse enviado para que pudessem voltar para Cascavel. Eles foram trazidos depois de um conflito interno entre a coordenação e alguns assentados acusados de corte ilegal de madeira. Mesmo sem autorização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a coordenação expulsou os acusados e colocou essas famílias no lugar. Agora eles querem ir embora alegando que foram enganados.
?Fomos trazidos pela coordenação regional de Cascavel com a promessa que teríamos seis alqueires de área e falaram que logo poderíamos explorar o corte da madeira. Mas fomos falar com a promotora da cidade e ela explicou que isso não é verdade porque já tem gente assentada lá. Descobrimos que viemos para ser cães de guardas?, explicou um dos trabalhadores que aguardava o ônibus, Osmar Fogaça. As pessoas, entre elas algumas crianças, colocaram seus pertences à força em uma caminhonete que pertence ao assentamento e foram até Balsa Nova. Eles querem voltar para a fazenda Cajatí, na região de Cascavel.
As 20 pessoas passaram o dia embaixo de chuva. Segundo Fogaça, a coordenação do MST prometeu um ônibus para levá-los de volta, mas até o final do dia não havia aparecido. A polícia não interferiu na questão. Apenas no final da tarde, quando alguns trabalhadores do assentamento afirmaram que iam buscar a caminhonete à força, uma viatura da polícia ficou monitorando de longe. Nenhum conflito foi registrado.
A última informação que a reportagem de O Estado obteve no início da noite era de que as mulheres e crianças iam passar a noite na chácara onde estão abrigadas as famílias expulsas do assentamento e que os homens iriam passar a noite na rodoviária de Balsa Nova. A coordenação do MST informou, por meio de nota, que cinco famílias de Cascavel ?que estavam acampadas no assentamento na perspectiva de serem assentadas na região resolveram voltar para o seu local de origem porque não se adaptaram com o clima e as características da região?. As 20 pessoas negaram as afirmações feitas na nota.