Imenso buraco em terreno na Vila Piratini, no Pinheirinho, é retrato do drama vivido por milhares de curitibanos. A cratera, que já obrigou dois moradores a deixarem suas casas, é exemplo dos problemas enfrentados por quem mora em áreas de ocupação irregular. A situação persiste desde o início de 2012, mas se agravou ontem, quando quatro moradias do bairro ficaram alagadas após breve chuva. A água que faz o chão ceder e vai parar dentro das casas vêm das manilhas obstruídas que passam pelo local.
O lote onde surgiu o buraco fica na esquina das ruas Dionísio Borguezani e Madame Couri. “Há seis meses a prefeitura pediu que demolíssemos a casa, que logo resolveriam o problema. Já faz seis meses e nada aconteceu”, conta o operador de britadeira Klayton Castilho. Ele diz que viveu no lugar por mais de 20 anos e agora mora de aluguel, com parte dos custos pagos pela Cohab.
A casa, no terreno ao lado, está vazia e também terá que ser demolida. “Eu construí praticamente sozinho. Foram quase seis meses de trabalho. Ficou boa, bem acabada, mas vai ter que ir pro chão”, lamenta o pedreiro Vanderlei de Jesus Pontes. “Era um buraquinho de nada, mas foi crescendo cada vez mais. A prefeitura veio, mas não arrumou as manilhas. Só fecharam o buraco, que abriu de novo na primeira chuva. Daí falaram que precisam demolir as casas para consertar”, relata.
Irregularidades
Segundo a prefeitura, grande parte das casas da Vila Piratini foi construída de forma irregular, em fundo de vale. Instável, o terreno cedeu e esmagou as manilhas, impedindo o escoamento da água das chuvas. A Secretaria Municipal de Obras Públicas aguarda o clima melhorar para reconstruir a tubulação.
Até que a solução apareça, quem ficou no bairro torce para que não chova forte. Como a dona de casa Janine do Rosio Rodrigues, que ontem teve a casa invadida pela água. “Foi chuva fraca, mas alagou tudo muito rápido. Tivemos que erguer todos os móveis. Se vier temporal, vai virar um caos”, constata.