Familiares das vítimas mortas em Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba, realizaram ontem protesto na Boca Maldita clamando por justiça. De acordo com o vereador de Almirante Tamandaré Luiz Piva (PT), dos 22 casos ocorridos entre outubro de 99 e maio de 2002, apenas um foi resolvido: o da professora Terezinha Elisabete Kepp, 38 anos, violentada e estrangulada em fevereiro de 2000. Os demais casos ainda não foram solucionados.
“Hoje (ontem) faz dois anos que houve aquela grande audiência pública em Almirante Tamandaré, quando ficou definido que uma equipe especial investigaria os casos. Mas essa comissão nunca foi formada, nunca tivemos uma equipe exclusiva”, declarou o vereador. “A gente percebe que as instituições não funcionam neste País. O grande assassino é a impunidade”, acrescentou.
Dos 22 casos, 19 tiveram os corpos identificados, e três casos são de ossadas não identificadas. De acordo com o vereador, há 19 pessoas presas – entre policiais civis, militares e funcionários da Prefeitura local -, que estariam envolvidas no crime, acusadas por formação de quadrilha e por dificultar as investigações. Na época, a polícia levantou que os asassinatos tinham relação com o crime organizado.
Injustiça
“As autoridades não fizeram absolutamente nada, só porque ela era filha de pobre. Se fosse de rico, o caso já estaria resolvido”, desabafou Elvira da Silva Rosa, 60. No dia 23 de outubro de 99, sua filha Maria Isabel da Rosa, 37, foi morta por estrangulamento. Quase quatro anos depois, o caso ainda não foi resolvido. “A gente tem suspeitas de quem a matou. Já falamos à polícia, mas nada foi feito até agora”, lamentou. “A gente não acredita mais na justiça.”
Para o lavrador Caetano Pole Neto – cuja filha Edivânea do Rocio, 21, está desaparecida desde maio de 2001 – a revolta é grande. “No dia 12 de maio, levei a minha filha ao colégio às 7h da manhã. Depois nunca mais retornou”, disse. Segundo ele, as investigações ainda não apontaram o suspeito. Edivânea deixou uma filha, na época com três anos de idade.