A segurança do trânsito e o fim da impunidade para os causadores dos acidentes motivaram neste sábado, em Curitiba, cerca de 300 pessoas a participarem de uma manifestação organizada pelas famílias de Gilmar Yared, 26, e Carlos Murilo de Almeida, 20, mortos no dia 7 de maio em um acidente provocado pelo ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, 26, que renunciou ao mandato na sexta-feira e será julgado sem privilégios como parlamentar. O deputado permanece internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se recupera de uma cirurgia na face.
Para o advogado da família, Elias Mattar Assad, a renúncia foi uma confissão de culpa, apesar do modo como ela foi feita. “Foi uma renúncia esquisita, onde ele mais uma vez se traveste de vítima. Ele entrou no hospital se travestindo de vítima e agora faz a mesma coisa. Mas as vítimas não renunciam. Ele iria aos seus pares e provaria ser uma vítima”.
Durante o protesto, também foi lançado o Movimento Yared, em uma tentativa de sensibilizar as autoridades a fiscalizarem com mais rigor as questões de segurança do trânsito. Segundo Cristiane Yared, mãe de Gilmar, o País tem condições de fazer isso. “Nós temos leis ótimas, mas de que adiantam se não há fiscalização alguma, ou então, algumas pessoas se identificam como autoridades e ficam impunes. Devemos dar maior apoio a todos que controlam o trânsito para que executem seus papéis”, afirmou.
Francisco Diniz é dirigente da ONG Trânsito Amigo, no Rio de Janeiro. Ele perdeu o filho, Fabrício, em março de 2003, em um acidente de trânsito no Rio de Janeiro, provocado por um motorista em alta velocidade. Solidário com a família Yared, disse ter desejado a morte do ex-deputado. “Cheguei a desejar a morte dele (Carli), mas depois refleti melhor e pedi que ele tenha uma vida plena, para que também possa pagar aqui toda tragédia que provocou”, afirmou.
Apesar dos convites feitos pela organização do evento aos vereadores e deputados paranaenses, nenhum político apareceu ao encontro. “Eles devem ter bons motivos para não virem, mas devem lembrar que todos estão sujeitos a essas coisas, e então, nós estaremos solidários com cada um. É uma questão de consciência”, concluiu.