Clamor por justiça

Família Yared realiza audiência pública no centro

Mais uma vez pedindo justiça, a família de Gilmar Rafael Souza Yared, morto no acidente em que estava envolvido o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho (PSB), realizou uma audiência pública na Praça Santos Andrade, ontem pela manhã.

Antes da audiência, que teve como objetivo lembrar do caso e abrir espaço para que outras famílias que passam pela mesma situação falassem, centenas de pessoas, juntamente com a família Yared, fizeram uma caminhada desde a Boca Maldita até a praça. Eles carregavam faixas dizendo “Imprudência tem limites. Dirigir embriagado é crime”, ou ainda “190 km/h é crime. A justiça é para todos”. O acidente ocorreu no dia 7 de maio, em Curitiba, e teve ainda uma segunda vítima fatal, Carlos Murilo de Almeida.

Carli Filho renunciou ao mandato na última sexta-feira. Tanto Cristiane Yared, mãe de Gilmar Rafael, quanto o advogado dela, Elias Mattar Assad, comentaram sobre a atitude do parlamentar de deixar o cargo. Segundo Assad, o fato não muda em nada a luta da família Yared, pois o inquérito continua. “A renúncia foi uma confissão de culpa”, afirmou o advogado.

Cristiane declarou que já esperava pela renúncia. “Eu já o perdoei. Porém, nossa luta vai continuar. Eu perguntei a Deus por que ele me impôs isso, mas hoje eu entendo que Ele sabia que eu não iria ficar quieta”, lamentou a mãe de Gilmar Rafael.

Outras mães que passam pela mesma dor de perder um filho no trânsito também participaram da audiência. “Meu filho morreu porque o motorista estava bêbado, em dezembro do ano passado, e até agora ninguém foi punido”, contou Rose de Lima, mãe de Robson Eduardo de Lima, que tinha apenas 21 anos quando morreu, na Linha Verde.

Outro caso que chamou a atenção de todo o País foi o de Fernando Diniz, que perdeu o filho, Fabrício, de 20 anos, em um acidente de trânsito em 2003, no Rio de Janeiro. Ele esteve em Curitiba para participar da audiência. “Eu pergunto ao presidente Lula, que já falou que somos abençoados porque não temos catástrofes naturais, se 60 mil vidas perdidas no trânsito, por ano, não são catástrofes?”, indignou-se Diniz.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 40 mil pessoas morrem, por ano, em acidentes de trânsito, mas no local. Se somar os que acabam morrendo nos hospitais depois, o número chega a 60 mil. Por conta de tantas mortes, a audiência também se transformou em um clamor às autoridades de trânsito. Assad disse que faltam bafômetros e ambulâncias.

“Se o dinheiro das multas fosse aplicado nisso, a história seria outra. O trânsito se transformou em uma guerra de todos contra todos”, disparou o advogado. Ele fez ainda um pedido aos guardas de trânsito. “Se alguém lhes perguntar, na hora de uma autuação, ‘você sabe com quem você está falando?’, que eles respondam ‘com uma pessoa que cometeu uma infração de trânsito’. No volante não pode existir autoridade, apenas um motorista”, bradou o advogado.

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