A família do encarregado operacional Edegilson Vieira de Souza passou, na terça-feira (22), por momentos de tensão e indignação na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas do Pinheirinho, onde sua filha, de 17 anos, não pode ser atendida por falta de médicos. Segundo Souza, ao chegar ao local, as atendentes do posto alegaram que não havia profissionais para atendê-la e apenas cardiologistas estavam trabalhando. “Quando você está com filho nessa situação, fica louco de raiva. É um absurdo”, desabafa.

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Edegilson conta que nesse dia, por volta das 15h, recebeu telefonema da filha avisando que estava passando muito mal, com febre, dor de garganta e calafrios. O pai saiu do trabalho e seguiu direto para a casa da família, no Campo de Santana, para apanhar a garota e levá-la até a UPA 24 horas do Pinheirinho. Chegando à unidade, a equipe de triagem logo avisou que não havia médicos.

“Além de me dizer que não havia ninguém para atender minha filha, a atendente também falou que nem adiantava ir nas unidades de saúde do Sítio Cercado e Boqueirão porque nesses locais também não havia médicos. Ela mandou ir ao posto da Fazendinha, mas alertou que lá, talvez, também não haveria médico. Foi revoltante”, reclama Edegilson. Após a negativa de atendimento na UPA do Pinheirinho, ele teve recorrer a uma amiga, dona de farmácia, que examinou a garota e a medicou. “Foi a única solução que consegui e ainda tive que pendurar o valor da medicação na minha conta”, diz.

Explicações

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a equipe médica estava completa no UPA 24h do Pinheirinho na terça-feira. “O que pode ter acontecido é que devido ao nosso sistema de atendimento baseado na escala Manchester de triagem , que prioriza sempre os casos mais graves e de risco, alguém deve ter aconselhado a procurar outra unidade já que ali o atendimento poderia demorar”, explica o médico Ilmar Carneiro Leão, diretor do Sistema de Urgência e Emergência de Curitiba.

250 novos profissionais

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De acordo como médico Ilmar Carneiro Leão, em situações de enfermidades simples o indicado é procurar as unidades de saúde dos bairros, porque as UPAs são dedicadas a atender casos mais graves. “Muitas vezes as pessoas procuram as UPAs por estarem pouco mais vazias, mas quem chega com casos menores tem boas chances de ter menos prioridade no atendimento já que o local é especializado em casos de pronto atendimento”, argumenta.

O diretor também informa que até a segunda quinzena do mês que vem 250 novos médicos serão incorporados ao quadro de funcionários das UPAs e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. “Há pouco mais de duas semanas foi realizado concurso público através da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes) e vamos poder incluir esses profissionais no nosso quadro”, afirma Leão.

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Melhora após contratação

Para o Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar), a saúde pública da cidade melhorou muito após a mudança no sistema de contratação. “Desde que entramos com ação civil pública para melhorar a situação dos médicos para acabar com a terceirização de serviços essenciais na saúde pública, temos consideráveis melhoras no sistema e nas condições de trabalhos dos profissionais”, analisa o médico Mário Antonio Ferrari, presidente do Simepar.

No entanto, para ele, a saúde pública municipal ainda deve melhorar o serviço de agendamento de exames e consultas especializadas. “Acho que esse aspecto é um desafio e uma prioridade. Na linha de frente da saúde púb,lica, estamos no caminho certo. Porém, é preciso focar para otimizar a oferta de exames e atendimentos com especialistas”, afirma.