Uma família de Curitiba está revoltada com o que chama de descaso por parte da equipe médica da Unidade de Saúde 24 horas do bairro Cajuru. De acordo com informações de familiares da diarista Rosângela Fernandes dos Reis, de 42 anos, a falta de um diagnóstico preciso fez com que a deixasse em coma, em estado gravíssimo e respirando com a ajuda de aparelhos.

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A servidora pública Maria Aparecida de Souza Oliveira, amiga da família, conta mais sobre o que teria acontecido. “A Rosângela procurou atendimento neste posto no dia 10 de agosto. Ela estava com muita dor de cabeça e febre. O médico que a atendeu disse que ela estava com suspeita de meningite e a deixou em isolamento. Nas 24 horas em que ela esteve nesse posto, recebeu soro e dipirona. No dia seguinte, quando achávamos que ela seria encaminhada para o Hospital do Cajuru, outro plantonista simplesmente deu alta para ela”, explica. Após a alta, Oliveira afirma que Rosângela continuava mal. “Ela ficou tomando medicação, mas não melhorava. No dia 16, conseguimos que ela fosse atendida no Hospital e Maternidade São José dos Pinhais e o médico que prestou socorro mandou internar imediatamente. Porém, a ajuda veio muito tarde e no dia 28 de agosto ela entrou em coma e, desde então, está nesta situação”, informa.

Para o marido da vítima, Sérgio Eliaz, se tivesse realizado o encaminhamento de sua esposa a tempo, a situação seria bem diferente. “Não entendo como constataram a doença e mandaram-na para nossa casa. Se ela fosse hospitalizada na hora certa, tenho certeza que não estaríamos passando por essa situação desesperadora. Estamos profundamente tristes e irritados com este erro. Essa demora complicou sua saúde e resultou em um aneurisma cerebral”, informa. Eliaz conta ainda que pretende entrar na Justiça contra a Prefeitura de Curitiba. “Não podemos aceitar que esta negligência nos prejudique. Vamos atrás dos nossos direitos e denunciar a situação da saúde pública de Curitiba. Temos fé que ela irá melhorar, mas estamos cientes de que seu quadro clínico é muito delicado”, garante.

O diretor-técnico da Secretaria Municipal da Saúde, Matheos Chomatas, afirma que não houve negligência ao atendimento de Rosângela. Segundo ele, um erro comum – e perigoso – por parte da paciente pode ter mascarado os sintomas da doença. “Quando ela veio aqui pela primeira vez (dia 10), ela se queixou de dores de cabeça que vinham se arrastando há 30 dias. Diante desta afirmação, não poderia ser meningite, pois esta doença leva em média quatro dias para se formar. Foi dito que ela estaria tomando medicação por conta própria, o que é muito arriscado e não aconselhado. Ela voltou no dia 14 se queixando das mesmas dores, contudo, foi dito que esse problema vinha de 10 dias atrás e não 30 como foi anunciado anteriormente. O último contato com ela foi no dia 15”, explica. Para o diretor-técnico, há o questionamento do que houve neste período em que ela não retornou a unidade de saúde. “Muita coisa pode acontecer neste ínterim, mas acredito que ela teria uma evolução ruim da doença de qualquer maneira. O nosso compromisso é de atender as pessoas e procurar a cura, mas não temos como prever a certeza desta. Continuo afirmando que fizemos todo o possível por ela e que não houve negligência no atendimento”, defende-se.

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