Família imperial desce a Serra do Mar de trem

A estrada de ferro que liga Curitiba a Paranaguá recebeu uma visita ilustre no último domingo. O chefe da casa imperial do Brasil, dom Luiz de Orleans e Bragança, e seu irmão dom Bertrand de Orleans e Bragança, bisnetos da princesa Isabel, desceram até Morretes de trem. A viagem aconteceu 128 anos depois de D. Pedro II, tataravô de ambos, ter assinado o decreto imperial que autorizava a construção da ferrovia.

O passeio foi inédito para dom Luiz, 65 anos, que seria o imperador caso a monarquia voltasse a reinar no Brasil. Já dom Bertrand, 62, que desceu a estrada de ferro pela primeira vez há cerca de quatro anos, aproveitou para rever as belezas da Mata Atlântica.

“Eu tinha muita curiosidade de fazer este passeio, mas devido ao excesso de compromissos, nunca sobrava tempo”, confessou D. Luiz. Ambos estavam em Curitiba no fim de semana participando do Congresso Monárquico, que acontece anualmente. Sobre o passeio, D. Luiz afirmou ser “muito interessante e bonito, mesmo sem o sol”. “A névoa deu um certo charme e mistério”, comentou, referindo-se ao tempo um pouco nublado.

Quanto aos imóveis ao longo da estrada – a maioria em ruínas -, D. Luiz falou sobre a importância do Estado e especialmente da iniciativa privada em tentar preservá-los. “O Estado deveria dar oportunidade à iniciativa privada para empreender, reduzindo os impostos, cedendo propriedades para particulares”, apontou, revelando certa simpatia pelas privatizações. “Em tese, sou a favor das privatizações, desde que sejam feitas com o capital nacional e não por multinacionais. Entregar o patrimônio nacional às multinacionais significa que ele não está mais vinculado ao nosso País. Eu lamento isso”, declarou.

D. Luiz criticou ainda a rede brasileira de ensino. “Os livros mostram de maneira equivocada a História do Brasil. Desapareceram os grandes vultos da nossa história, e as crianças estão perdendo a ufania de ser brasileiras. Isso é muito preocupante.”

Volta da monarquia

D. Luiz e D. Bertrand, químico e advogado, respectivamente, vivem hoje praticamente em prol da monarquia. Ambos moram em São Paulo, onde mantêm um escritório que coordena o movimento monárquico de todo o País. Atualmente são cerca de 70 mil simpatizantes da monarquia espalhados pelo Brasil. “Nosso objetivo é repor o Brasil nos trilhos. A República foi um desvio na nossa história”, disparou D. Bertrand. Segundo ele, o País não pode mais continuar como está. “Um presidente (da República) é pior do que o outro. A gente sempre sente saudades do anterior.” Para ele, o descontentamento com o regime atual está levando a monarquia a se tornar cada vez mais forte. “Ninguém mais acredita na República. O povo está cansado e quer que volte ao regime que corresponde às tradições”, declarou. Sobre a possibilidade de quando isso possa ocorrer, D. Bertrand se mostra evasivo. “Só Deus sabe…”

Família imperial

D. Luiz e D. Bertrand são filhos de D. Pedro Henrique e Dona Maria de Baviera – ainda viva, aos 89 anos de idade. D. Pedro Henrique nasceu da união de D. Luiz de Orleans e Bragança e a princesa italiana Maria das Duas Sicílias. D. Luiz era filho da princesa Isabel e do conde D?Eu. Já a princesa Isabel nasceu da união de D. Pedro II com Tereza Cristina. Uma das questões que chamam a atenção é que, apesar de o regime brasileiro não ser mais a monarquia, os descendentes ainda têm de manter a tradição de se casar apenas com membros da nobreza, caso contrário têm de renunciar ao título. Tanto D. Luiz quanto D. Bertrand continuam solteiros.

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