Família emagrece 160 kg após cirurgia

Uma família curitibana emagreceu 160 kg em pouco menos de dois anos. Pai, mãe e filha foram operadas num tipo de cirurgia criado pelo médico paranaense José Lazzarotto Melo e Souza. Ela consiste no desvio do intestino delgado 0- órgão responsável pela absorção da gordura e transformação em células gordurosas que se espalham pelo corpo.

Luís Carlos Basso, de 47 anos, pesava 251 quilos. Hoje, depois da cirurgia, pesa 153. “Não dirigia. Não podia nem sair de casa para não ser alvo de brincadeiras. Agora tudo melhorou”, contou. Sua esposa, Cármen, lembrou que chegou a pesar 96 quilos. Agora está com 74. “A preocupação era grande com a alimentação, pois toda família era obesa. Só fazia salada e carne, hoje comemos de tudo”, contou.

A filha do casal, Cíntia, 21, foi a primeira a fazer a cirurgia. Ela pesava 122 quilos e hoje pesa 82. “Ainda quero emagrecer mais uns vinte quilos. Mas minha vida mudou completamente. Não tinha nem vontade de passar no vestibular , não saía à noite. Hoje faço tudo que uma jovem da minha idade faz”, salientou.

Gisele Alves de Souza, 28, não pertence à família Basso, mas também foi beneficiada pela cirurgia. “Tinha 116 quilos, agora peso 60”, contou, dizendo que a pessoa gorda não vive direito. “Não arrumava nem emprego. Era tratada como ponto de preferência. As pessoas falavam é lá, perto da gordinha”.

A cirurgia

Lazzarotto explicou que em média o procedimento leva em torno de 4 horas. A cirurgia consiste em fazer um desvio do alimento no intestino delgado. O intestino é quem absorve as gorduras. O médico faz um cálculo para ver qual é a real necessidade do paciente. O desvio é feito como uma válvula que regula a entrada do alimento no intestino. Só entra o necessário, o restante é excretado.

As vantagens da cirurgia é que ela é feita com anestesia local e o paciente acordado. “Após a cirurgia o paciente passa por um regime de 45 dias e depois pode comer tudo o que quiser”, contou Lazzarotto.

Ele desenvolveu a técnica a dezoito anos e já realizou 529 cirurgias.

Paciente enfrenta dificuldades

Hoje pela manhã, no Instituto de Medicina e Cirurgia do Paraná, em Curitiba, Lazzarotto vai reavaliar mais uma possível cirurgia. O paciente é Douglas Ney Furtado, de 38 anos e 256 quilos. Ele contou a O Estado as dificuldades que enfrenta por ser obeso. “Não trabalho há dois anos. Não consigo ficar mais de 15 minutos em pé. Sinto terríveis dores nas costas e nos joelhos”, queixou-se.

Douglas, que trabalhava numa empreiteira antigamente, contou que começou a engordar aos 10 anos de idade. “Tive problemas na família que me levavam a comer muito e em conseqüência engordar”, contou.

Douglas se emociona ao pensar no que a cirurgia pode representar em sua vida. “A obesidade é uma prisão numa cela sem grades”, comparou. “Não tenho meta para emagrecer. Tudo que eu conseguir será uma vitória.” Ele lembra que em São Paulo, seu Estado de origem, médicos se recusaram a fazer cirurgia de redução no estômago nele. “Disseram que eu era uma bomba”, contou.

Lazzarotto explicou que a cirurgia não é recomendada para maiores de 65 anos, nem menores de 15. “E é somente para obesos e obesos mórbidos”, salientou.

Para se medir o índice de massa corporal é necessário dividir o peso pela altura ao quadrado. Se o resultado ficar entre 18,5 e 24,5 a pessoa é normal; entre 24,5 e 30, o paciente está com sobrepeso; de 30 a 40, é obeso; e, acima de 40, tem obesidade mórbida.

 

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