Conseguir uma vaga nas creches municipais não é tarefa fácil. As listas de espera são imensas e quem não tem condições de pagar uma creche particular para deixar o filho para ir trabalhar, precisa enfrentar uma longa espera. A Prefeitura Municipal de Curitiba não tem um levantamento da demanda reprimida por vagas nas creches públicas. Mas é só ligar para algumas creches para confirmar que esta demanda é grande e a espera dos pais é longa.
No Centro Municipal de Educação Infantil Ana Proveller, no Uberaba, a fila de espera tem mais de 500 pessoas. Outra creche, no Bairro Alto, informa que existem seis turmas no centro e, para cada uma delas, a fila de espera é de 200 pessoas. Ou seja, são mais de mil pais esperando por vagas para seus filhos só neste centro. Ao todo, a reportagem de O Estado procurou seis creches públicas, localizadas em diferentes bairros da cidade e a informação obtida foi a mesma: longas filas e chances praticamente nulas de se conseguir vaga para uma criança ainda este ano.
Alyne Junqueira Mehl sentiu na pele o drama de não encontrar vaga em creche para o filho de três anos. Trabalhando como autônoma e recém-separada do marido, ela quase perdeu o emprego porque não tinha com quem deixar a criança. ?Desde o começo do ano fiz ficha para conseguir uma vaga para ele e foi no centro da cidade, perto do trabalho, porque no meu bairro não há creche municipal?, conta. Alyne afirma que a explicação que ouviu ao reclamar da inexistência de creches no bairro do Bom Retiro, onde mora, foi que o bairro, por apresentar características de classe média alta, não comporta a instalação de uma creche pública. ?Pode até ter gente rica morando no bairro, mas eu sou pobre e não posso pagar?, reclama. Sem alternativas, Alyne teve que matricular o filho em uma creche particular.
De acordo com Jorge Eduardo Werkerlin, superintendente executivo da Secretaria Municipal de Educação, a Prefeitura sabe do problema da falta de vagas em creches e está fazendo de tudo para contornar a situação. ?A gente está tratando este caso com a seriedade que requer?, explica.
É que, segundo Werkerlin, a demanda manifestada hoje não é a real porque muitos pais, como não acham vagas de imediato nas creches, tentam matrículas para seus filhos em três, quatro lugares diferentes. Com a informatização do sistema, será possível mapear o assunto.
Enquanto isso não é concluído, o superintendente afirma que a Prefeitura está trabalhando na construção de novas creches e fazendo mais convênios. Este ano, até agora, foram criadas mais de mil vagas em creches, segundo Werkerlin.
Curitiba tem 151 centros municipais de educação infantil nos quais são atendidas 18.899 crianças de zero a cinco anos. Além disso, a prefeitura tem 76 creches conveniadas -que recebem subvenção da prefeitura e atendem outras 9.103 crianças. Ao todo, são atendidas pelo sistema de educação infantil municipal 47.988 crianças.