Durante a audiência pública realizada ontem, na Câmara Municipal de Curitiba, para discutir o orçamento da Prefeitura para o próximo ano, o problema da falta de vagas em creches foi levantado. Segundo o Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil e Regularização do Trabalho Adolescente no Paraná (Feti), a demanda na capital chega a 43 mil crianças, sendo que três mil estão em situação de risco. No entanto, a Prefeitura discorda desses números.
Para a presidente da Associação dos Conselheiros Tutelares, Jussara Gouveia, o problema da falta de creches em Curitiba é muito grave. Segundo ela, só no Conselho Tutelar do Pinheirinho, entre janeiro de 2004 até o início de novembro de 2005, o órgão registrou 3.317 denúncias sendo que 706 estavam relacionadas a falta de vagas em creches. "No entanto, nem 10% das crianças são atendidas. Inclusive parte está em situação de risco, crianças de 7 anos ficam sozinhas em casa cuidando de irmãos menores para a mãe ir trabalhar. Boa parte das mulheres cria sozinha os filhos. Todas são muito pobres", comenta. Segundo Jussara a situação não é exclusividade da Regional do Pinheirinho, mas se repete em toda a cidade.
O supervisor executivo da Secretaria Municipal de Educação, Jorge Vekerlin, reconhece que a demanda é superior à oferta, mas diz que fica bem abaixo dos dados apresentados. Segundo ele, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), que fez o estudo apresentado pelo Feti, não usou os critérios adequados para chegar ao resultado correto. Explica que nem todas as crianças de zero a cinco anos precisam ir para a creche porque tem alguém que cuide delas em casa.
Jorge diz que a Prefeitura está elaborando um estudo mais fiel à realidade e até o fim do ano os dados vão ser divulgados. Curitiba possui hoje cerca de 153 creches, que passaram a ser chamadas de Centros Municipais de Educação Infantil, e 70 conveniados. Ao todo são atendidas 32.830 crianças de zero a cinco anos e 11 meses.