A falta de recursos para uma das áreas mais delicadas na educação (a educação especial) faz com que várias pessoas com necessidades especiais fiquem fora da escola.
Um exemplo em Curitiba é o da Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial (Acefe), que mantém a Escola São Francisco de Assis, no Hugo Lange, que está com mais de 100 alunos na fila de espera.
A escola atende hoje 107 estudantes especiais, quando o seu espaço é para apenas 74. Em função disso, a Acefe está construindo um novo local que atenderá outros 100, pelo menos.
Porém, não há verbas para finalizar a obra. Um dos casos mais complicados é a de Joaquim Silva, de 18 anos. Ele é portador de deficiência visual, auditiva e motora, e teve que sair da escola por causa de uma cirurgia, segundo sua irmã, Regina Célia Silva.
Ela contou que já faz quatro anos que ele está afastado da escola por causa da fila de espera. “É um absurdo tantas crianças fora da escola por causa da falta de recurso, quando tanto dinheiro é gasto à toa por aí. Eu estou lutando não só pelo meu irmão, mas também pelos outros que estão esperando”, afirmou Regina.
Ela cuida sozinha do irmão, que vive praticamente na cadeira de rodas e na cama, pois se locomove com muita dificuldade. Ela depende de cerca de R$ 600 mensais, que são compostos pela pensão de seu pai (que não vive com ela) e um amparo social.
Dos cinco remédios que Joaquim toma, três ela consegue gratuitamente, mas ainda tem fralda e materiais de higiene para comprar. “Eu larguei meu emprego para cuidar dele, não tem quem cuide”, disse.
A diretora da escola, Nilda Loiola, disse que não há verbas para terminar a obra (com cerca de 10 mil metros quadrados) e que, portanto, não há previsão de quando o novo espaço vai começar a funcionar.
Ela explicou que vários setores do colégio já foram finalizados, mas ainda falta a parte de saúde, que é mais cara para ser viabilizada. No total, a obra está orçada em R$ 700 mil, dinheiro que vem de voluntários, somente. O terreno foi cedido em comodato pelo Estado. “Estamos fazendo uma escola-modelo, nos preocupamos com a qualidade”, disse Nilda.
A Escola São Francisco tem convênio com o governo do Estado. A Secretaria Estadual de Educação (Seed) é responsável pelo pagamento dos professores e demais funcionários, mas não auxilia na obra.
Segundo a chefe do Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional da Seed, Angelina Matiskei, há uma verba adicional para os alunos que forem matriculados no novo local que está sendo construído.
Porém, disse Angelina, não compete à Seed cuidar da parte de saúde da escola (que possui convênio com o Sistema Único de Saúde – SUS). “Essa escola é diferente da média que temos no Estado, ela é mais rica, vai mais além no atendimento”, explicou. Segundo Angelina, os casos de falta de vagas são ocasionais no Estado.
No total, há no Paraná 394 escolas especiais, sendo que dez são municipais, duas estaduais e o restante são privadas ou sem finalidade lucrativa (como as Apaes). 80 mil alunos especiais são atendidos no estado.