Faltam remédios nas Unidades de Saúde de Curitiba

Nos últimos meses as pessoas que procuraram os remédios que são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas Unidades de Saúde, têm recebido a mesma resposta: os medicamentos estão em falta. Para quem consegue apertar as contas do mês ainda é possível comprar os remédios nas farmácias populares. Mas para alguns a falta dos medicamentos está provocando a interrupção de tratamentos e pondo em risco a vida da população que depende dos fármacos.

Ao todo foram listados 20 medicamentos em uma denúncia feita por funcionários do próprio sistema de saúde. De acordo com funcionários, a falta desses remédios põe em risco a saúde de pacientes. “Já estamos há quase três meses sem receber esses remédios. Em casos mais graves, como a falta de Enalapril, que utilizado para tratar hipertensão, o paciente pode até chegar a sofrer um Acidente Vascular Cerebral”, diz o denunciante, que preferiu não se identificar. Segundo ele, “todo trabalho de prevenção da saúde fica comprometido sem esses remédios”.

Foi essa realidade que Jacy Buch, de 77 anos, encontrou na Unidade de Saúde da Praça Ouvidor Pardinho. Quando Jacy foi atrás do Omeprazol, um remédio simples para tratamento de úlcera gástrica, recebeu a mesma resposta de um mês atrás. “Eu mesma comprei esse remédio, pois já estava ha um mês com dores. Mas aqui no posto eu conseguia medicamentos para cem dias, comprando apenas consigo pagar o suficiente para apenas duas semanas”, conta Jacy. Ela também descobriu que o Ciprofloxacino, medicamento para combater cistite, apesar de constar na Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais (Rename), não é disponibilizado no postos de saúde da capital.

Essa situação é compartilhada por Paulo Marcos de Souza, que todo mês vai às Unidades de Saúde em busca de remédios para sogra de 70 anos. “Minha sogra sofre de esquizofrenia e antes conseguia o Melleril e Haldol para tratamento de saúde mental. Há cinco anos que começou a reduzir essa oferta”, afirma. Paulo reclama que além de faltarem remédios básicos, nunca existem especialistas disponíveis. “Neste posto minha sogra se consultava com um psiquiatra. Ironicamente quando tivemos um prefeito médico isso deixou de existir”, diz Paulo.

Problema na licitação

A Secretária Municipal de Saúde informou que cinco medicamentos da lista que estavam em falta devem chegar semana que vem nas Unidades de Saúde. Outros 13 estavam em falta devido à licitação para aquisição dos medicamentos que não teve nenhum participante, no final do ano passado.

Segundo a secretaria os remédios já passaram por novo processo de licitação e “inclusive já foram distribuídos”. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, que fornece outros dois remédios presentes na denuncia, o Sustrate não está em falta e apenas é distribuído mediante apresentação de ordem judicial. Já o Clopidogrel teve um problema com a distribuição, o que teria provocado a falta durante a semana passada.

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