Faltam políticas públicas para moradores de rua

Dados mais recentes da prefeitura de Curitiba apontam que, em 2009, existiam 1.165 pessoas vivendo nas ruas da cidade. Para reduzir esse número, especialistas afirmam que o caminho mais indicado é a criação de políticas públicas que tragam oportunidades de profissionalização para essas pessoas.

O assunto foi discutido ontem no Fórum Nacional da População em Situação de Rua, realizado pelo Movimento Nacional da População de Rua, em Curitiba. O evento contou com o apoio do Ministério Público Estadual (MPE).

O representante do Movimento Nacional da População de Rua, Valter Santana, afirma que faltam iniciativas do poder público que resultem na melhoria das condições de vida dessa população.

“Muitas vezes os moradores de rua são invisíveis aos olhos da sociedade, mas são pessoas com vivências, sentimentos e circunstâncias que os levaram a seguir esse caminho”, conta o representante que também já foi morador de rua.

Segundo ele, ações voltadas para a saúde, educação e lazer deveriam ser prioritárias quando o assunto é mudar a vida dos moradores de rua. “Normalmente, existem apenas albergues à disposição da população de rua. Precisamos mais do que isso. Não basta se alimentar e dormir bem uma noite, deve ser algo constante e que proporcione o crescimento intelectual e profissional dessa pessoa”, opina.

O representante regional do Movimento Nacional da População de Rua, Leonildo Monteiro, conta que vários motivos contribuem para que as pessoas passem a viver na rua.

“São casos de pessoas bem sucedidas que acabam tendo desilusões tremendas, que os levam para o fundo do poço. Separações, doenças mentais, vícios também são motivos para seguir o caminho das ruas”, afirma o representante que foi morador de rua por dois anos em Curitiba.

A assistente social do MP, Sandra Mancino, explica que o órgão atua dando apoio em três vertentes aos moradores de rua por meio do Centro de Defesa de Direitos do MP.

“O primeiro deles gira em torno do acompanhamento e assistência de políticas públicas para essas pessoas. Outra vertente é responsável pela defesa de direitos violados, bem como o respeito aos direitos já existentes”, afirma. Por fim, Mancino explica que a última das vertentes está ligada à participação em eventos como o fórum.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em todo o Brasil, durante abril de 2008 (dado mais recente), eram 31.922 brasileiros maiores de 18 anos vivendo nas ruas.

Segundo o estudo, problemas com o alcoolismo e drogas representavam 35,5% dos motivos que levaram as pessoas a morar nas ruas. Em seguida estava o desemprego (29,8%) e desavenças com pai/mãe/irmãos (29,1%).

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