As universidades federais do Paraná começarão mais um ano com defasagem no quadro de docentes. Isso porque o número de professores que saem – por motivos de exoneração, morte ou aposentadoria – não é compatível com o número de profissionais contratados, tampouco com o número de vagas liberadas para concurso público pelo Ministério da Educação (MEC). Enquanto isso, as universidades se expandem e, a cada ano, novos cursos e mais vagas são abertas, o que aumenta ainda mais a carência. O problema, porém, não é de agora.
As universidades garantem que o ano letivo não começará sem professores, mas certamente em sala de aula estarão professores temporários e substitutos, o que não é a mesma coisa. "Todas as universidades têm essa defasagem, inclusive a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Temos o número suficiente de docentes, mas trabalhamos hoje com 176 substitutos, que podem dar aula por apenas dois anos. Precisaríamos de liberação do MEC para abrir concurso público e efetivar esse número de docentes", explica o pró-reitor de Planejamento e Administração da UTFPR, Vilson Ongaratto.
Segundo o pró-reitor, no último dia 2, o MEC liberou 2.200 vagas para concurso público para docentes das universidades federais de todo o País. Desse total, apenas oito serão liberadas para a UTFPR. "Nós vamos fazer concurso para oito profissionais de carreira. Para quem tem que repor 176, é uma diferença muito grande", afirma Ongaratto.
Para a Universidade Federal do Paraná (UFPR), do total de vagas liberadas pelo MEC virão apenas 64 profissionais. Um número diferente da necessidade atual da universidade. Como explica Ana Maria Guimarães, do Departamento de Administração de Pessoal, a limitação do MEC para o quadro efetivo da UFPR é de 1.976 docentes de 3.º grau publicado em portaria no Diário Oficial da União. "No momento temos 1.728 docentes. A instituição está com um déficit de 248 docentes. Falta isso e muito mais. Enquanto a necessidade não é atendida, a gente contrata professores temporários, que recebem um salário muito menor e, por isso, não têm uma titulação tão boa quanto a exigida em concurso público", diz.
"Na medida que foi se perdendo os docentes e não repondo, a universidade foi se expandindo. Subiu em torno de 30% o número de alunos, abrimos novos cursos e ampliamos as vagas. É uma defasagem que vem de anos", explica o coordenador da Coordenação de Assuntos Docentes (CAD), Vítor Keber.
Para verificar a real necessidade da UFPR, quanto a contratação de novos docentes, a CAD está desenvolvendo um levantamento técnico que será concluído no início de março. "É para ter um melhor aproveitamento didático dos novos professores que serão contratados, e vamos determinar quantos professores – com oito horas/aula por semana a universidade deveria ter para que fosse ideal, que é um número bem maior do que o MEC prevê", adianta Keber.
Sesu
De acordo com a Secretaria de Ensino Superior (Sesu) do MEC, faz anos que não há a realização de concurso para docentes das universidades federais. Porém, o atual governo tem se esforçado para recompor os quadros defasados. Entre 2002 e 2005, foram nomeados 6.656 professores, enquanto o número de aposentadorias e afastamentos foi de 4.660. Só nos anos de 2004 e 2005, foram admitidos 3.402 novos professores. Em 2006, mais 4 mil professores serão contratados.
Ainda segundo a Sesu, a distribuição das vagas para as universidades federais considera a proposta da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que congrega todos os reitores das Instituições Federais de Ensino Superior.
UTFPR terá novo campus em Londrina
Cintia Végas
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – antigo Cefet – deve ganhar um novo campus em 2007. A previsão é de que ele seja instalado na cidade de Londrina, no norte do Estado, e se configure como o oitavo mantido pela instituição. O projeto de instalação da nova unidade foi protocolado esta semana, no Ministério da Educação (MEC). No início deste mês, o documento foi aprovado por unanimidade pelo conselho universitário da UTFPR.
O órgão é composto por 47 pessoas, entre representantes do MEC e das federações da Agricultura, do Comércio e da Indústria do Paraná. "A construção foi prevista em junho do ano passado, quando o governo federal lançou o plano de expansão da educação tecnológica no País. Na ocasião, foi anunciada a construção de 25 novas unidades voltadas ao ensino tecnológico, entre elas a de Londrina", comenta o reitor da UTFPR, Eden Januário Neto.
O campus deve ser construído em um terreno de 72,6 mil metros quadrados, doado pela Prefeitura de Londrina e localizado na continuação da Estrada dos Pioneiros. No primeiro ano de funcionamento, deve oferecer oitenta vagas para o curso de Tecnologia em Alimentos, já existente nos campi de Medianeira (com ênfase em carnes) e de Ponta Grossa (com ênfase em laticínios). Em uma segunda etapa, devem ser oferecidas mais 80 vagas para Tecnologia em Química, já disponibilizado no campus da capital. "Futuramente, queremos expandir nossas atividades no novo campus através da oferta de cursos técnicos e de pós-graduação. Ainda não sabemos ao certo que ênfase vai ser dada à graduação em Tecnologia em Alimentos de Londrina", explica Eden.
Para o início da construção do campus está prevista a liberação de R$ 3 milhões por parte do governo federal. Até a metade do ano, há a estimativa de que seja realizado concurso público para a contratação de um novo quadro funcional. Inicialmente, serão necessários vinte novos professores e dezesseis técnicos administrativos.
Além de Curitiba, Medianeira e Ponta Grossa, a UTFPR mantém campus em Campo Mourão, Cornélio Procópio, Pato Branco e Dois Vizinhos. No total, são 15.500 alunos distribuídos em 41 cursos de graduação, cinco mestrados e doutorados, 41 especializações e treze cursos técnicos.
