Pelo menos doze pacientes do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão há um mês sem os medicamentos necessários para o controle da leucemia.

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Sem o tratamento, o número de leucócitos sobe rapidamente no organismo dos enfermos, podendo fazer com que o sistema imunológico ataque os órgãos até causar uma falência múltipla.

O avô de Carlos Aznar Blefari é um dos pacientes que visita o hospital periodicamente para receber doses do Sprycel/Dasatinib. Como ele tem 81 anos, o transplante de medula que sanaria a leucemia mielóide crônica seria um risco à vida e, portanto, a única solução é fazer tratamento por período indefinido.

“A média normal de leucócitos no organismo de uma pessoa saudável vai de quatro a onze mil. Quando meu avô descobriu a doença, encontrou 96 mil leucócitos. Com o tratamento, o número voltou para quatro mil, porém, em apenas dois dias sem remédio já subiu para seis”, ressalta Carlos. Hoje, o paciente fará um novo hemograma para avaliar o impacto da falta da medicação.

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Carlos buscou o remédio até no exterior, mas a compra não é permitida já que o custo de cada caixa, que dura apenas um mês, passa dos R$11 mil. “No Brasil a venda é proibida. Do exterior não dá para trazer, e o hospital já está há um mês sem o remédio. Escrevi carta, liguei para vários órgãos pedindo ajuda, e ninguém soube me informar o motivo da falta do medicamento nem a previsão de chegada”, desabafa.

Outros

Outros pacientes aguardam também há um mês as doses do Glivec e do Tasigna, medicamentos utilizados em tratamentos iniciais da leucemia. Para Carlos, informaram que alguns dos remédios estariam disponíveis na terça-feira passada, mas ele tirou o avô de casa para buscá-los e ao chegar no hospital, não encontrou nada.

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O Hospital de Clínicas informou que houve um atraso no pregão nacional feito pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ministério da Educação, que recebe a demanda dos 47 hospitais universitários do País e consegue preços mais baixos para que cada unidade compre seus medicamentos.

Todos os hospitais administrados por universidades estariam com atraso no repasse destes medicamentos, que deverão chegar até os pacientes na próxima terça-feira.