Mais um medicamento excepcional está em falta na Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Sem receber regularmente o Prograf, a família Naumann está apavorada com as possíveis conseqüências. O remédio é indicado para evitar rejeições em transplantados. Sem ele, Liliana Valente Naumann, de 28 anos, pode perder o rim saudável que recebeu há quatro anos e ainda corre o risco de voltar a fazer hemodiálise.
Carlos Naumann doou um rim para a filha Liliana. O mais difícil seria conseguir a compatibilidade e o transplante, mas estes foram bem sucedidos. O problema que eles enfrentam agora era inesperado: a ausência do medicamento imprescindível. ?Até janeiro, recebíamos normalmente. Todo mês eles entregavam 60 cápsulas que eram necessárias. No entanto, a partir de fevereiro o remédio começou a não ser fornecido?, afirma Carlos.
Ele conta que, em fevereiro, recebeu medicamento apenas para 20 dias e em março e este mês apenas para dez. ?Este foi o único medicamento que o organismo dela não rejeitou. Não adianta darmos outro e se ela ficar sem, corre o risco de perder o transplante que fez e ter que voltar a fazer hemodiálise como fez por três anos antes de receber o novo rim?, comenta Carlos.
A mãe de Liliana, Maria Lúcia, diz que o estoque que eles têm em casa é suficiente para apenas esta semana. ?Está acabando e estamos ficando desesperados. Quando ligamos lá e perguntamos se chegou, eles não explicam nada?, reclama. Carlos comenta que somente este mês ele já foi três vezes à farmácia da Sesa, mas em vão. ?Tenho medo de chegar o próximo início de mês, semana que vem, e voltar sem medicamento. O pior é que não somos só nós, na fila é um desespero, as pessoas imploram e chegam a chorar porque não estão tendo medicamento. Isso porque não temos alternativa. Esses remédios não estão disponíveis nas farmácias?, comenta.
De acordo com o diretor da Central de Medicamentos da Sesa, Paulo Tadeu Almeida, o medicamento terá distribuição regularizada em três semanas. Ele informa que existem outros medicamentos similares, o que fica a critério do médico do paciente. Sobre a falta de remédios excepcionais o Prograf não seria o único em falta e Almeida diz que é atípica. As justificativas que ele dá são ?as novas regras impostas pelo Ministério da Saúde e por ajustes determinados pelo governador para o aperfeiçoamento do processo de compra, o que teria atrasado a liberação da mesma?.
