Importantes para a saúde da população e para o controle de doenças como febre amarela, hepatite, tétano e outras, hoje, uma possível falta de vacinas preocupa administradores municipais da região de Curitiba, como Araucária. A secretaria de saúde do município teme ficar sem algumas das vacinas em seu estoque nos próximos meses. Isso porque, desde o início do ano, há restrições e atrasos no fornecimento das doses por parte do Ministério da Saúde, responsável pela aquisição e distribuição em todo o país.

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Segundo a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Araucária, Alexsandra Tomé, alertas emitidos durante o ano deixaram os gestores preocupados. Na última nota, enviada em novembro, o Ministério diz que os atrasos e a redução nas quantidades das vacinas – contra as hepatites A e B, raiva, tetra viral e varicela e dupla adulto (dT), além de soros antirrábico e antibotulínico – foram motivados pela demora no desembaraço alfandegário das vacinas importadas, estoque reduzido, indisponibilidade de estoque e de fornecedores.

“As vacinas têm vindo em menores quantidades e em frequências variadas. Ainda não é um desabastecimento, mas isso fez com que mudássemos a rotina do município, para otimizar os recursos, coibir os desperdícios e evitar que as pessoas fiquem sem imunização. Uma das ações foi adotar o agendamento das vacinações multidose, para que todo o conteúdo de um frasco de vacina possa ser aproveitado”, esclarece Alexsandra. Ela ainda diz que o município tentou comprar as vacinas diretamente dos fornecedores, mas eles não podem atender a demanda.

Na capital

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Em Curitiba, segundo a médica diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Juliane Oliveira, há escassez de alguns insumos e vacinas, situação que afeta todo o país. “Mas nós temos conseguido manter estoque da maior parte delas nas unidades de saúde, graças à utilização de estratégias de logística. Ainda não trabalhamos com a hipótese de falta, temos um contato diário com a Secretaria de Estado e com o Ministério da Saúde, para que o estoque não chegue ao fim”. As poucas que têm tido problemas com fornecimento irregular são a antirrábica e a tetra viral. Mesmo assim, Juliane garante que a demanda tem conseguido ser atendida.

Dá pra ficar sem?

A médica infectologista pediátrica e professora UFPR Cristina de Oliveira Rodrigues explica que existem calendários de vacinação, que devem ser seguidos. “O Brasil tem seu próprio calendário, que é diferente de outros países, mas que é considerado um dos melhores do mundo. O ideal é que todos sigam este calendário, recebendo a vacina nas épocas corretas. Mas um problema com o fornecimento às vezes acontece. Isso não anula as doses anteriores e não faz com que o esquema de vacinação tenha que começar do novo”.

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No entanto, a atenção deve ser redobrada no caso das crianças, que não podem pular ou ficar sem algumas doses em determinados casos. “Deixar a criança sem a vacina da varicela fará com que ela fique sem proteção, por conta do baixo índice de crianças vacinadas. As demais vacinas, apesar de não terem substituições não são urgentes. Os pais devem apenas ficar atentos à disponibilidade das doses, para que mesmo demorando, seus filhos não fiquem sem elas”. Crianças de zero a dez anos devem seguir o calendário nacional de vacinação, que pode ser conferido aqui.

Clínicas particulares têm vacina

Já na rede privada, a situação é outra. Segundo o médico infectologista do Laboratório Frischmann Aisengart Jaime Rocha, ,atualmente, não faltam vacinas. “No momento, não temos falta na rede privada. Falta apenas a hexavalente, uma vacina combinada, que pode ser substituída pela a aplicação da pentavalente com outra vacina, que ofereça a proteção da substância faltante”.

O infectologista ainda lembra que o sistema de compra e distribuição da rede pública a da particular são diferentes. “Não temos dificuldades para adquirir as vacinas porque compramos de um distribuidor, que até agora, não nos repassou informações sobre possíveis problemas com os produtos”, ressalta.

Discurso oficial

Procurada, a Secretaria da Saúde do Estado não quis se pronunciar sobre o assunto e apenas confirmou que o estoque de vacinas do Paraná é baixo. Já o Mistério da Saúde informou que oferece todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Calendário Nacional de Vacinação. Mas, devido à indisponibilidade de algumas delas nos mercados nacional e internacional, tem buscado soluções para garantir a proteção da população, até que a produção se normalize. Segundo o órgão, o envio das vacinas duplo adulto (que protege contra difteria e tétano), antirrábica e de hepatite B estão em dia. Já a vacina Tetra Viral está sendo substituída pela combinação tríplice viral + varicela.