A deficiência da vitamina D pode estar relacionada a complicações ligadas à insuficiência renal, doença que atinge cerca de 75 mil pessoas no Brasil. O dado é resultado de uma pesquisa inédita que vem sendo desenvolvida por um estudante de mestrado da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Sérgio Bucharles, sob a orientação do professor Roberto Pecoits-Filho.
A mesma foi apresentada ontem, no XXIV Congresso Brasileiro de Nefrologia, que acontece em Curitiba. Segundo Roberto, foram avaliados quarenta pacientes que estão em tratamento de hemodiálise no Instituto do Rim da Santa Casa de Curitiba.
Entre eles, 67% possuíam deficiência de vitamina D. A carência da substância no organismo pode estar relacionada a alterações cardíacas e do sistema imunológico percebidas em pessoas que sofrem de insuficiência renal.
“Alterações cardíacas e imunológicas são complicações ligadas à insuficiência. Entretanto, o motivo do aparecimento das mesmas sempre foi desconhecido”, comenta o professor. “A pesquisa representa um grande avanço no tratamento da doença, pois a deficiência da vitamina D nunca foi levada em consideração.” A vitamina D é encontrada em alimentos – como ovos, peixes e cereais fortificados – e também pode ser obtida pelo organismo através da exposição da pele ao sol. Com base nos dados da pesquisa, os pacientes com insuficiência renal também podem passar a receber reorientação alimentar e ser aconselhados a tomar mais sol, evitando excessos. “Também se pode ministrar a vitamina D como medicação, através de gotas manipuladas”, explica Roberto. No estudo conduzido pelos integrantes da PUCPR, não foram encontradas diferenciações em pacientes em função de raça, idade e sexo. Os dados apresentados ontem ainda são considerados preliminares. A vitamina D também está ligada à calcificação dos ossos e à regulagem da pressão arterial.
