A BR-476, conhecida também como Rodovia do Xisto, ficou bloqueada durante toda a manhã de ontem perto das cidades de São Mateus do Sul e Antônio Olinto, distantes cerca de 150 quilômetros de Curitiba. Caminhoneiros, motoristas e moradores da região protestaram contra a péssima condição da estrada.
Os enormes buracos e a falta de sinalização causam muitos acidentes no trecho entre São Mateus do Sul e a Lapa. No primeiro semestre desse ano, foram registrados 127 acidentes, contra 221 em todo o ano de 2003. Até o dia 30 de junho, 24 pessoas morreram na estrada, número superior ao total verificado no ano passado (21 mortes). A paralisação gerou um congestionamento de 5 quilômetros em cada sentido da rodovia.
O padre Silvanto Surmacz, um dos responsáveis pelo bloqueio em Antônio Olinto, conta que a intenção do protesto era chamar a atenção das autoridades para a situação da estrada: “Neste ano, a quantidade de buracos triplicou em relação a 2003, com as chuvas intensas. Desde março a rodovia está desse jeito, sem nenhuma condição”.
Ele conta que antigamente os acidentes aconteciam, mas sem muita freqüência. Atualmente, pelo menos um por dia ocorre no trecho entre Lapa e São Mateus do Sul. “Apesar de ficarem parados por horas, os motoristas e caminhoneiros estão nos apoiando. Eles mesmos estão vendo a necessidade de se tomar providências”, aponta Surmacz. Um pouco antes do bloqueio de ontem, um caminhão que carregava papelão tombou na pista ao tentar desviar de um buraco em uma curva. O motorista teve ferimentos leves.
O padre garante que se nenhuma atitude for tomada, mais bloqueios serão feitos. Ele explica que os moradores da região já reclamaram com o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), mas não obtiveram resposta. “Nós pagamos impostos e não vemos para onde vai o dinheiro. Na hora de cobrar, eles (o governo) cobram”, critica.
O sargento Renê, comandante do posto da Polícia Rodoviária Estadual em São Mateus do Sul, explica que o número de acidentes e de mortes na rodovia está preocupando: “A estrada realmente está numa condição muito ruim. São muitos buracos e má sinalização”, avalia. De acordo com ele, alguns trechos da BR-476 são monitorados pelo Dnit, e outros pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). “Pelo menos há seis meses não é feito nenhum trabalho na estrada. As partes mais críticas são as de responsabilidade federal”, relata.
O engenheiro supervisor do Dnit, Gilberto Massucheto, revela que a manutenção da Rodovia do Xisto está prejudicada por problemas judiciais na licitação, autorizada há um ano: “Uma das empresas se sentiu prejudicada e hoje a definição da licitação está na Justiça comum”, informa. “Enquanto não há uma decisão, não podemos licitar um mesmo objeto.”
Emergência
Segundo Massucheto, a solução para tentar dar mais condições à estrada é a decretação de emergência. “Se isso acontecer, a empresa que pode atuar mais rápido no local será contratada sem licitação. Como os critérios para a emergência são restritos, estamos fazendo um novo levantamento para tapar os buracos, pelo menos para dar condições de tráfego à pista”, afirma. “O nosso coordenador (Rosalvo Gizzi) está em Brasília, e devemos ter novidades sobre isso no final dessa semana”, acredita o engenheiro. O último trabalho de tapa-buracos na BR-476 foi realizado nos últimos três meses do ano passado.