A falta de renovação do quadro de engenheiros dos órgãos públicos está ameaçando a capacidade de planejamento e execução de projetos de infraestrutura do Estado. Quem faz o alerta são as entidades que representam a categoria no Paraná. Elas dizem que os baixos salários estão afastando os profissionais do serviço público, com reflexo direto na qualidade das obras e dos serviços oferecidos à população.
Atualmente, a remuneração inicial de um engenheiro no Estado equivale a menos da metade do piso salarial pago pela iniciativa privada, que é de cerca de R$ 6 mil. “A carreira pública não é mais atrativa. Mesmo os profissionais aprovados em concursos não assumem os cargos, pois acabam contratados por alguma empresa”, diz o presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), Ulisses Kaniak.
Segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), órgãos como o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) estão com quadro de engenheiros insuficiente. “Eles já tiveram dezenas de técnicos, mas hoje não têm meia dúzia. Qual é a esperança que o Estado tenha um plano estratégico de infraestrutura?”, questiona o assessor de políticas públicas do Crea-PR, Valter Fanini.
De acordo com o Senge-PR, cerca de 65% dos engenheiros empregados no setor público têm mais de 50 anos. Sem novos profissionais para substituí-los, eles não têm a quem transmitir seu conhecimento e experiência. “Toda essa memória técnica vai se perder quando esse pessoal se aposentar”, alerta Kaniak. “Eu próprio sou um exemplo”, afirma Fanini. “Acabei de me aposentar na Comec e o lugar que eu ocupava ficou vazio. Não entrou ninguém no lugar”.
Problema é antigo e categoria cansou de promessas!
Fanini diz que o assunto já vem sendo tratado junto ao governo do Estado há anos. “Não é um problema que surgiu no governo atual. Vem desde a década de 1980. Começamos uma negociação ainda na administração anterior, mas ainda não apareceu solução”. No início do mês, representantes dos engenheiros se reuniram com a nova secretária de Administração e Previdência, Dinorah Botto Portugal Nogara e ganharam novas promessas. “Ela foi muito receptiva e se comprometeu a formar um grupo de trabalho para analisar o assunto”, revela Fanini.