Pandemia covid-19

Falta de remédios afeta hospitais veterinários do Paraná e adia cirurgias em animais

Cirurgias eletivas para pets canceladas na pandemia
Em hospitais e clínicas veterinárias do Paraná apenas cirurgias de emergência têm sido feitas na pandemia. Foto: André Rodrigues/Arquivo/Gazeta do Povo

A falta de medicamentos para sedar pacientes intubados em UTI, causada pelo avanço da pandemia de covid-19, também atinge os hospitais e clínicas veterinárias do Paraná. Como muitos medicamentos humanos também são usados para sedar bichos em cirurgias, a saúde animal encara os mesmos problemas causados pela dificuldade da indústria em atender a demanda muito alta: demora na entrega de pedidos e preços hipierinflacionados.

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O diretor da Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários no Paraná (ABHV-PR), o médico veterinário Roberto Lange, explica que pela escassez de medicamentos, alguns protocolos estão tendo de ser substituídos. “Em casos em que aplicaríamos anestesia geral estamos tendo de fazer anestesia locorregional, somente no lugar do procedimento, junto com outro medicamento para imobilizar o animal”, explica. “Temos que controlar o uso dos medicamentos que também são usados em humanos ao máximo porque além de estarem em falta, estão com preços absurdos”, explica.

A dificuldade de encontrar esses medicamentos, aponta o representante da ABHV-PR, já está impactando em cerca de 30% no preço dos procedimentos nas clínicas e hospitais veterinários. Ele cita o caso de um único sedativo, que antes da pandemia a caixa com 100 ampolas custava R$ 340 e agora o preço é de R$ 3,4 mil.

“Isso torna impraticável a medicina veterinária em alguns casos. Muitas vezes os tutores dos animais reclamam da mudança significativa dos preços, ainda mais agora, em que o poder aquisitivo das pessoas está alterado”, reforça Lange, que também é proprietário do Hospital Veterinário Santa Mônica, em Curitiba.

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Com tamanha dificuldade, os hospitais e clínicas veterinárias estão tendo de recorrer a fornecedores de fora do país, assim como os hospitais que tratam pacientes com covid-19. “Estamos tendo de importar alguns remédios. E aí vem mais impacto nos custos, com compra em dólar e taxas de transporte e alfandegária”, enfatiza Lange.

O quadro é praticamente o mesmo no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (HV-UFPR), que vem recebendo cancelamentos e readequação de preços nos remédios já licitados em pregão. “Quando falta um determinado fármaco do nosso protocolo, temos que adotar outro protocolo”, explica o diretor do HV-UFPR, o médico veterinário Renato Sousa.

Para tentar controlar não só o estoque de sedativos, mas também o de oxigênio, há quatro semanas o HV-UFPR suspendeu as cirurgias eletivas, procedimentos que se não forem feitos não botam a vida do animal em risco. “Neste momento, estamos fazendo apenas cirurgias que não podemos adiar”, reforça Sousa. Em média, o HV-UFPR fazia aproximadamente 20 cirurgias eletivas por mês.

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“Isso não é bom, porque há um represamento de cirurgias eletivas”, afirma Sousa, referindo-se à ‘bola de neve’ de procedimentos que terão de ser feitos quando a pandemia der uma trégua.

Além disso, a quantidade de cirurgias de urgência e emergência também caíram no hospital universitário. Se antes da pandemia eram em média de seis a oito procedimentos deste tipo por dia, agora são apenas entre três e quatro.

Castração

Logo no começo da pandemia, em março de 2020, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) emitiu nota orientando os profissionais a sempre que possível reprogramarem as cirurgias eletivas, entre elas, a castração. Naquele momento, o alerta era para evitar o risco de contágio da covid-19 entre os tutores de animais e os funcionários nas clínicas.

Porém, com o avanço acelerado do coronavírus desde o fim de fevereiro, a orientação vale também para controlar o uso dos medicamentos em falta.

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A reportagem procurou a prefeitura de Curitiba e ONGs de proteção animal que afirmaram que até agora não precisaram parar seus programas de castração animal. No caso da prefeitura, a crise dos medicamentos também não atinge os procedimentos nos animais do Zoológico.

“O Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna, que inclui a Rede Animal, que faz castrações de animais domésticos, está atento às orientações do Conselho Federal de Medicina Veterinária e, se perceber problemas no estoque de medicamentos e insumos, tomará as medidas adequadas”, aponta nota da prefeitura.


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