A falta de efetivo ainda é um problema que prejudica o trabalho dos policiais militares da 1.ª Companhia de Polícia Rodoviária da Polícia Militar do Paraná, responsável pelo policiamento das estradas da Região Metropolitana de Curitiba e Litoral. Um ano após a visita aos postos da Grande Curitiba (Contorno, Almirante Tamandaré, Graciosa e Araucária), a reportagem do Paraná Online esteve novamente em contato com os policiais rodoviários e constatou que pouco mudou desde então, apesar da afirmação da Polícia Militar de que o efetivo é suficiente. Em pelo menos quatro dos 12 postos da área apenas um policial está trabalhando: Coroados, São Mateus do Sul, União da Vitória e Alexandra. Graciosa também ficou com a equipe defasada durante algumas semanas. Os demais contam em média com dois homens por turno e o ideal, porém, são pelo menos três profissionais trabalhando juntos a cada 24 horas. A situação torna falho o atendimento aos acidentes, sobrecarrega as demais unidades e coloca em risco a segurança de quem está em serviço.

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Quem lida diariamente com a situação calcula que a contratação de mais 30 pessoas seria o suficiente para resolver a questão. “Esse número já iria suprir a deficiência de efetivo. Para alguns, no entanto, está claro que esta não é a prioridade do comando. “A prioridade não é policiamento da rodovia, mas sim os batalhões de área. Comentam que uma morte por acidente nas rodovias não tem tanta repercussão quanto uma morte por tiro nos bairros. Por isso priorizam os PMs que ficam nas ruas”, lamenta o policial José*.

Criminosos aproveitam

Sem equipe, fica restrito à PRE o atendimento a acidentes, deixando a desejar na realização de blitzes e operações especiais. A situação frustra os policiais que afirmam fazer o máximo com os recursos disponíveis. “Tudo de ruim passa pela rodovia. Ela é uma rota de fuga, serve pro tráfico de drogas e os marginais sabem quais rodovias estão descobertas. Não conseguimos coibir os criminosos, eles se aproveitam disso”, lamenta Pedro*.

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* Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos policiais.

Posto em Tamandaré.

Sobrecarregados

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Os policiais são unânimes em seus argumentos para o aumento da equipe. O trabalho em duplas os obriga a saírem sozinhos para atender ocorrências enquanto o colega deve permanecer nos postos para cuidar da estrutura e dos carros apreendidos que ficam estacionados nos pátios.

“O trabalho fica defasado e sobrecarrega o policial, somos seres humanos também e já temos muita pressão ficando em alerta 24 horas. Sozinhos temos que sinalizar o acidente, organizar o trânsito, fazer o croqui, as medições e às vezes prender motoristas que estão embriagados. Como vamos sozinhos abordar uma pessoa exaltada?”, questiona João*. “Falta segurança para os policiais, Como vamos prestar um bom atendimento colocando nossa própria segurança em risco?”.

Sem sinal

Outro problema relatado pelos policiais é a falha no sistema de comunicação por rádio do batalhão, que “está caótico”, conforme define Miguel*. Sem sinal de rádio, a alternativa é utilizar o telefone celular particular, com ligações a cobrar aos postos. No entanto, esta opção nem sempre funciona, já que em localidades mais distantes não contam com sinal. “Ficamos sem conseguir informações corretas do local do acidente ou acionar o Corpo de Bombeiros e a Polícia Científica. Isso atrasa tudo”.

Unidade na Estrada da Graciosa teve atendimento afetado pelo efetivo reduzido.

“Procedimento normal”, diz PM

Para o 1.º tenente Flares, da 1.ª Companhia de Polícia Rodoviária da Polícia Militar do Paraná, o atendimento de ocorrências por apenas um policial é um “procedimento normal” e isso não prejudica o trabalho. “O efetivo que temos é suficiente para suprir o policiamento dos postos. Dependendo do local, outros postos dão apoio. Não tem por que manter seis homens para um trecho pequeno”, explica. O número de policiais, porém, não é divulgado. A assessoria de imprensa da Polícia Militar também afirmou que o efetivo é suficiente e que não estão faltando policiais nas equipes para a realização do trabalho. A contratação de mais homens, no entanto, não é responsabilidade da corporação e sim de outras secretarias estaduais.

Em relação aos postos que contam com apenas um policial, o 1.º tenente afirma que se trata de estruturas junto com escritórios do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e por isso permitem que o PM saia para atender as ocorrências. Já a falha na comunicação deve ser solucionada com a instalação de repetidores de sinal e novas antenas. Além disso, a assessoria da PM destacou que todas as viaturas são novas e contam com tecnologia embarcada. Desta forma é possível fazer a checagem de placas e antecedentes sem a necessidade de contato via telefone. 

Módulo Móvel

Desde que foi despejada no ano passado de uma casa adaptada para receber um posto da Polícia Rodoviária Estadual, a equipe da PRE em Araucária atende em um módulo móvel que roda diariamente pelas estradas do município. Para a equipe, a mudança melhorou o ritmo de trabalho, já que conta com escritório, sistema de refrigeração e banheiro, além de estar nas rodovias, ao contrário da casa que ficava distante da estrada. O atendimento no município deve ainda ser aprimorado com a construção de um posto fixo no km 5 da PR-423. Não há, porém, uma data prevista para que a estrutura comece a funcionar.