Falta de ordem impede fim de sessão

A sessão de ontem na Assembléia Legislativa, que teve a participação do superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Paraná, Marino Gonçalves, acabou suspensa. Ele foi convocado para esclarecer os deputados sobre a criação de cinco áreas de preservação ambiental para proteger a mata de araucária no Estado. Deputados ligados a agricultores questionavam Gonçalves, arrastando o debate por mais tempo do que estava previsto, quando o deputado Neivo Beraldi (PDT) pediu que a ordem do dia fosse restabelecida, já que estava prevista a votação de três projetos de lei que restringem a venda de bebidas alcóolicas no Estado, as quais Beraldi faz oposição.

A interferência fez com que dezenas de manifestantes que lotavam o plenário para protestar contra a criação das leis começassem a gritar palavras de ordem. Seguiu-se uma discussão entre os parlamentares sobre a questão das áreas. A presidente interina da casa, deputada Arlete Caramês (PPS), decidiu então encerrar a sessão por falta de ordem.

Para o deputado Marcos Isfer (PPS), o governo federal age de maneira autoritária na questão da criação das áreas. "Essa discussão deveria ser feita sob outras condições, ouvindo a população local, o que não aconteceu até agora", disse. O deputado apresentou na Assembléia um requerimento para ser encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ministro José Dirceu e à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, solicitando a suspensão do processo de criação das unidades de conservação.

O deputado Plauto Miró Guimarães (PFL) questionou o superintendente sobre áreas que, segundo o parlamentar, atingiriam a agricultura, a produção de areia e a mineração nos municípios onde ficarão as novas áreas de proteção. "Não somos contrários à preservação, mas queremos respostas para as nossas dúvidas", disse. Gonçalves respondeu que as áreas de proteção ficarão em áreas onde não são mais exploradas comercialmente e que a população local terá a chance de gerar renda com o turismo ecológico que as unidades podem criar. Isfer perguntou ainda sobre o preço a ser pago pelas desapropriações. "Os agricultores acusam o governo de subestimar o valor das propriedades."

Para Gonçalves, acontece um processo de desinformação e até mesmo contra-informação de setores que querem desestabilizar a proteção das araucárias. "As comunidades tiveram chance de discutir a criação das reservas em audiências públicas e falar sobre o preço das desapropriações nesse momento é pura especulação, já que ele ainda não foi estabelecido."

Bares

A suspensão da sessão atrasou para hoje a votação dos projetos que visam restringir o consumo de bebidas alcoólicas no Paraná, o que contrariou os manifestantes no plenário. Mesmo assim, muitos prometeram voltar à Assembléia para fazer pressão. "Mesmo que o governador já tenha se manifestado contra, é importante a presença do setor", afirmou o jornalista Jonny Basso, dono de uma casa noturna em Curitiba. É a terceira vez que a apreciação é adiada só nesta semana.

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