Falta de engajamento, liderança e de limites claros. Esses são alguns fatores apontados por psicólogos como contribuintes para as situações de conflito nas escolas. Por isso, ontem pela manhã, a Associação Projeto Não-Violência Brasil (PNV), que conta com o trabalho de cinco psicólogos e parceria de 14 escolas públicas de Curitiba, realizou um encontro entre parceiros para discutir "O fortalecimento de lideranças nas escolas".
"A intenção é mostrar como criar o envolvimento dos profissionais; como as pessoas estão aproveitando o potencial de liderança; e a importância de limites claros, mas com respeito", explica a coordenadora técnica do PNV, Adriana Titton. A psicóloga acredita que o autoritarismo, confundido como característica essencial de uma liderança, é algo que acaba gerando situações de violência na escola. "É a ordem pelo medo, mas a partir do momento que a criança começa a crescer isso já não adianta, ela perde o medo e é criada uma situação de divergência e não-colaboração. Geralmente nessa situação as regras são colocadas já pela punição e não como prevenção", explica Adriana.
Quando fala em liderança, a psicóloga explica que não se trata apenas da diretoria da escola, mas de "lideranças informais, que influenciam outras pessoas. Cada professor é ou pode ser liderança. O importante é que se conheça mais e veja que a forma de ele acreditar em seu potencial pode agravar ou melhorar a situação", explica. Entre as ações principais do professor colaborando para amenizar as situações de conflito estão: ouvir, conversar, enfrentar os conflitos, mas com calma, enfim, criar uma autoridade pela possibilidade de integração com o grupo.
Segundo a psicóloga, o problema dos conflitos não é realidade apenas em escolas públicas. "É comum a todas. É uma influência do meio, mas que pode surgir de dentro da escola, quando não se tem regras claras, ficando confusa a maneira de agir. A solução acaba sendo sempre o ataque. O que acontece é que nas escolas privadas, onde se vê a relação professor/aluno de clientela e prestação de serviço, isso não fica exposto", explica Adriana Titton.
A Escola Estadual Pilar Maturana, parceira do projeto há dois anos, é uma das que já criaram os hábitos sugeridos pelo PNV. "Isso já é linha de trabalho, entrou na escola a formação de cidadão, paralela ao conteúdo regular. Os professores estão a fim de mudar essa situação", afirma a pedagoga Deise Sozzi. A cada quinze dias todas as 13 turmas têm duas aulas onde são discutidos temas relacionados à cidadania. "Os próprios alunos estão seguindo e cobrando do colega e do professor", conta.
Porém, a psicóloga Adriana Titton afirma que não são todas as escolas que têm essa disposição. "As escolas têm interesse, mas não estão preparadas para pôr a mão na massa. Assim não tem como acontecer", afirma.