Caçadores de Notícias

Falta de grana não desanima escolas de samba de Curitiba

A dois dias do desfile das escolas de samba de Curitiba, a correria continua nas sedes das agremiações. A Acadêmicos da Realeza, no Parolin, e a Leões da Mocidade, no Boqueirão, também sofrem com a demora no repasse da verba da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e correm contra o tempo para deixar tudo pronto antes de chegar à avenida.

“Os últimos administradores não conseguiram enxergar a vocação para o Carnaval em Curitiba. Parece preconceito. As outras manifestações culturais, como a música e o teatro, têm apoio”, critica o carnavalesco da Acadêmicos da Realeza, Márcio Marins, 41. O cronograma de preparação da escola atrasou em função da chegada tardia do dinheiro.

Na Leões da Mocidade a verba sequer foi liberada, fazendo a escola depender de empréstimos, vendas fiadas e do limite dos cartões de crédito de alguns integrantes. “Estamos indo do jeito que dá. A gente consegue em cima da hora, mas vai conseguir sim”, confia o presidente da escola, Vilmar Alves, 54.

Os problemas não tiram a animação dos componentes, que já se acostumaram com a rotina de virar dias e noites na confecção das alegorias. A casa de Rubia Mara Barros, 38, da diretoria da Leões, está tomada por materiais e fantasias dos 320 integrantes que irão levar para a avenida a história da poetisa Helena Kolody, com o enredo “Kolody para o Mundo, Helena para os Amigos – Centenário Dedicado à Poesia”. Na sala, tecidos, enfeites e outros materiais estão espalhados por toda parte. “Passam por aqui quinze pessoas por dia. É um outro mundo, mudou completamente a minha casa, mas é muito satisfatório poder ajudar a fazer nosso Carnaval”, diz.

Felipe Rosa
Márcio, da Acadêmicos da Realeza: parece preconceito.

O estudante Kaique Esteves Romaiollo, 16, vai do colégio direto ao ateliê para ajudar no trabalho. Ele veio de São Paulo em 2010 e já desfilou pela Gaviões da Fiel, mas aponta uma diferença em relação ao desfile curitibano. “Aqui temos mais contato com as pessoas, conhecemos a comunidade e conseguimos ver como é feito o Carnaval. É diferente de chegar e comprar uma fantasia”, observa. Kaique se considera parte de uma grande família. “Os integrantes da escola foram os primeiros que nos acolheram quando chegamos em Curitiba”.

Comprometimento

Para o jovem mestre-sala da Acadêmicos, Rodrigo Vidal Mina da Cruz, 9, a única preocupação nos dias que antecedem a folia é acertar os passos durante sua apresentação junto com os 450 componentes. Com o samba-enredo “Salve Jorge, o Santo Guerreiro” na ponta da língua e incentivado pela família, que também desfila, o garoto está em seu terceiro desfile e diz que não fica nervoso: “no começo dá um treco, uma emoção, mas depois me acostumo”.

A presidente da agremiação, Bárbara Murden, 37, acredita que, além de ter contato com a história e a cultura, os integrantes fazem parte de uma transformação social. “O pessoal faz acontecer. As passistas, por exemplo, precisam de fôlego, estão sempre em forma e por isso se cuidam. Se a máquina pública tivesse mais carinho com o Carnaval, iria alcançar nichos que ela não consegue atingir”, avalia.

Grana, só depois da folia

De acordo com a FCC, as agremiações Internautas e Unidos do Bairro Alto também não viram a cor do dinheiro ainda. Estes grupos não foram aprovados no primeiro edital de sele&ccedi,l;ão e participaram de um segundo processo. Questões administrativas, como a entrega da documentação e o empenho dos recursos pela prefeitura, motivaram a demora na entrega. A previsão é que a escola Internautas receba o valor até amanhã, mas o repasse para a Leões da Mocidade e a Unidos do Bairro Alto deve acontecer apenas depois do Carnaval, sem data certa.

Felipe Rosa
Rodrigo está em seu terceiro desfile.

Confira o vídeo com a preparação para o carnaval.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo