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Falta de grana mela projeto de artes marciais em Curitiba

Projeto que ajudava a melhorar o desempenho escolar e o convívio social de 500 crianças e adolescentes de Curitiba está parado por falta de verbas. Mesmo tendo feito sucesso entre os alunos de escolas públicas, nos clubes de bairro e centros de assistência social da cidade, o programa Hapkido Educar ficou fora do orçamento municipal de 2013. O hapkido é uma luta popular na Coreia, que chegou ao Brasil no final dos anos 60. Quem levou a arte marcial às escolas curitibanas foi o mestre Thiago França, que trouxe à cidade projeto que começou há seis anos em Balneário Camboriú. “Fui convidado pelo antigo secretário de Lazer, Esporte e Juventude, Marcelo Richa, que conheceu nosso programa em 2011, durante evento em Camboriú”, diz o professor.

Foi o pai de Thiago, o grão-mestre Valdir França, quem deu início ao projeto. “Ele treinava na academia do lado de escola pública e, na saída das aulas, as crianças ficavam assistindo do lado de fora. Meu pai começou a ensinar, mas foi mandado embora pelo dono da academia, que disse que lá não entrava preto nem pobre”, conta Thiago.

Sucesso

Valdir levou então a ideia para a diretora da escola, que cedeu espaço para os treinamentos com 18 crianças. Logo, as aulas chamaram a atenção de mais estudantes, de outras escolas, da prefeitura e o projeto decolou. Atualmente, cerca de três mil jovens participam do programa, em 17 cidades de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Durante um ano em Curitiba, o sucesso do Hapkido Educar foi ainda maior. “Aqui foi onde a coisa cresceu mais rápido, tanto na adesão quanto na evolução técnica dos alunos. Em um ano deu tudo certo e a cidade virou a menina dos olhos. Eu inclusive me mudei para cá”, diz Thiago.

Comunidade cobra continuidade

O projeto chegou a nove bairros, com aulas em colégios, praças, clubes de bairro e associações de moradores. O impacto na vida dos jovens surpreendeu pais e professores. “Minha filha tem hiperatividade com déficit de atenção. Com as aulas, melhorou em tudo, na escola e em casa. Aprendeu regras, limites, disciplina… Foi uma maravilha”, conta a dona de casa Salete Aparecida dos Santos, mãe de Brenda, de 14 anos.

Mas tudo mudou depois das últimas eleições. “O pessoal da antiga gestão da prefeitura tinha me garantido que o projeto continuaria, independente do resultado. Foi o que disse aos alunos e professores. Mas logo depois da votação, a coisa foi diferente; não me recebiam mais como antes. No início do ano, descobri que não haviam incluído o projeto no orçamento municipal. Não entendi por quê”, afirma Thiago.

Para dar continuidade ao programa, os organizadores precisam de R$ 8 mil por mês, para pagar o salário e transporte para quatro professores. Mas sem previsão de recursos, a nova gestão da prefeitura disse que não poderia bancar o projeto. “As aulas deveriam recomeçar em fevereiro, mas está tudo parado. Vou ter que recomeçar do zero”, diz o mestre, que também não apoio da iniciativa privada.

Muita falta

O fim das atividades deixou contrariados os pais dos alunos inscritos, que cobram a retomada das aulas. “Estou brigando, dando a cara pra bater. Já mandei e-mail para vereadores, para o presidente da Câmara, liguei no 156, falei com a ouvidoria do município… Foi uma coisa que nos ajudou bastante e está fazendo muita falta”, ressalta Salete.

Thiago França/Divulgação
Mudança no comportamento surpreende os pais.
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Thiago França/Divulgação
Promessa só até as eleições. Projeto fora do orçamento.
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