Falta de financiamento é crônica no SUS

Os problemas relacionados à falta de gestão e investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) foram tema, ontem, em Curitiba, de um evento alusivo ao Dia do Médico (comemorado hoje), promovido pelo Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar). Na ocasião, foram discutidas as dificuldades enfrentadas pelas instituições hospitalares brasileiras que prestam atendimento público.

 Segundo o médico cardiologista do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Darley Rugeri Wollmann Júnior, que também é diretor do Simepar, o SUS, na teoria, é um projeto extremamente eficaz e voltado ao atendimento universal da população. Porém, na prática, enfrenta uma série de problemas de gestão. ?A gestão do SUS é tripartite: federal, estadual e municipal. Entretanto, não há sensibilidade das autoridades em entender que a saúde é um projeto de Estado e não um programa de governo. No Brasil, muitas vezes a saúde é vista como um ônus. A maior prejudicada com isso é a população?, comenta.

Entre os problemas de gestão, Darley aponta a não-aplicação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) na área de saúde e a não-implementação da Emenda Constitucional 29. Ela estabelece que os municípios devem destinar 15% de seus recursos à saúde, os estados 12% e a União o que foi investido no ano anterior mais o valor correspondente ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

De acordo com o presidente da Associação Paranaense de Medicina de Família e Comunidade, Hamilton Lima Wágner, que também é diretor do Simepar, a falta de financiamento é um problema crônico no SUS, que vem desde a Constituição de 1988. ?Atualmente, o SUS não arca com os custos dos serviços prestados pelas instituições a ele credenciadas. O custo de internação com um paciente de pneumonia, por exemplo, é de R$ 700, mas o SUS paga apenas R$ 300. Com isso, muitos hospitais ficam no vermelho e passam a atender menos.?

Em função dos prejuízos, cai a qualidade dos atendimentos, ocorre sucateamento tecnológico e insatisfação dos servidores públicos com suas condições de trabalho. Este ano, o Simepar realizou uma pesquisa com médicos que atuam no Paraná e constatou que 74,4% trabalhavam, de alguma forma, no sistema público. Desses, 81,5% afirmavam que seus salários não correspondiam às suas expectativas.

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