Moradores dos bairros da região sul de Curitiba e dos municípios da região metropolitana são os mais afetados com o atraso na entrega de correspondências pelos Correios. É o que diz o Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), que aponta a falta de profissionais como a principal causa do problema.
Dos 6,2 mil funcionários da empresa pública no Paraná, a metade trabalha como carteiro. A equipe, no entanto, não é suficiente. Uma estimativa do sindicato aponta que ainda é preciso mais mil trabalhadores para atender satisfatoriamente a crescente demanda no Estado. “O Paraná está crítico”, descreve o secretário geral do Sintcom-PR, Luiz Antônio Ribeiro de Souza.
No bairro Jardim das Américas, por exemplo, o atraso já chegou a durar quase um mês enquanto em Colombo cerca de nove mil correspondências deixam de ser entregues por dia, volume que aumenta diariamente. “A equipe de Colombo tem 38 carteiros para atender 260 mil habitantes. Na Vila Zumbi, por exemplo, o carteiro só passa de 15 em 15 dias. São 25 mil objetos diários e que vão ficando”, conta a operadora de transbordo e triagem da unidade de Colombo, Márcia Maria Portes.
No último ano os Correios contrataram 219 carteiros para o Paraná em um concurso público, mas a estatal já planeja aumento no efetivo, que foi solicitado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. De acordo com a empresa, o crescimento rápido da região, como acontece na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), por exemplo, contribui para que algumas áreas tenham demora na entrega.
“Os Correios realizam constantemente estudos técnicos para determinar o número ideal de carteiros para cada região. Há uma projeção de ampliação da entrega domiciliar visando o atendimento de novas áreas habitacionais e o aumento da demanda pelos serviços postais”, diz a nota enviada pela assessoria de imprensa.
30% estão com saúde debilitada
A demora na entrega das correspondências não é o único problema. Os funcionários também saem prejudicados da situação e em casos extremos desenvolvem doenças relacionadas ao trabalho, como depressão e até dependência química. São eles que ficam entre os moradores que reclamam do atraso das cartas e a pressão do volume de cartas atrasadas que aumenta a cada dia.
Em Colombo, Márcia estima que metade dos 50 funcionários passa por tratamentos psicológicos. “Tudo reflete no carteiro”, observa. O secretário-geral do Sintcom estima que aproximadamente 30% de todos os carteiros estejam com problemas de saúde. Caso os profissionais fiquem afastados, funcionários são deslocados de outras áreas para cobrir a ausência, mas acabam desfalcando outra equipe.
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