Quase uma semana sem água em casa. Desde a última quinta-feira, cerca de 250 famílias que moram no condomínio Spazio Cantareira, localizado na Rua Adir Pedroso, Vila Iná, em São José dos Pinhais, não recebem água em suas residências por conta de um problema de bombeamento entre as duas torres que compõem o reservatório de água do local. Sem uma solução efetiva para o problema por parte da construtora MRV, os moradores estão arcando com despesas extras.
O vice-síndico Marcos Felipe Motta conta que na segunda-feira foram contratados dois caminhões-pipa (com 20 mil litros de água cada), mas foi insuficiente. “Não chamamos antes, porque já convivemos com falta de água de curta duração, porém desta vez ultrapassou qualquer limite e estamos arcando com R$ 380 por caminhão-pipa”, informa. E a despesa vem se somar a uma conta de água escalonada que, em menos de um ano, passou de R$ 11 mil para R$ 19 mil.
Cada família paga em torno de R$ 60. “Faz sete meses que mudei para cá. No antigo endereço, eu e minha família gastávamos R$ 25 com água e nunca ficamos sem abastecimento, agora eu tenho uma conta próxima de R$ 60 para não poder tomar banho, dar uma descarga”, compara a vendedora Cleizimare Miranda. Assim como tantos vizinhos, desde o primeiro dia em seu lar, ela acumula decepções. “A privada não dava a descarga. Depois de três dias, descobrimos que deixaram uma pá e uma chave de fenda no encanamento”, recorda.
Há um mês residindo no condomínio, a fisioterapeuta Michelle Wuicik já coleciona frustrações. “Voltei de viagem e me deparei com a falta de água. Estou levando a minha roupa para lavar na minha mãe. E assim como nos outros apartamentos, meu apartamento está repleto de infiltrações e rachaduras”, comenta. O morador Vabner Regiane afirma que se não fossem parentes e amigos, todos estariam sem banho há dias. “Mesmo assim, o quadro é de mau cheiro em todo o apartamento por conta da privada, estresse e um desânimo total, pois isso só se somou à série de infiltrações, rachaduras, dutos de antenas entupidos, que são regra nessa obra. Todo mundo quer vender, já que são meses de reclamação”, relata.
Construtora culpa a Sanepar
Em nota, a MRV Engenharia atribuiu a um problema de abastecimento da Sanepar o prejuízo no fornecimento de água ao Spazio Cantareira. “A equipe de assistência técnica da construtora esteve no local e identificou um cabo cortado no quadro de comando de bombas, o que ocasionou problemas no seu funcionamento. A MRV informa ainda que a falha do quadro já foi reparada e que o abastecimento de água da Sanepar já está restaurado”, informou. Após receber a posição da construtora, no meio da tarde, a reportagem entrou em contato novamente com os moradores. Segundo Vabner, a situação continuava sem solução. “Estamos sem nada de água”, relatou.
Segundo a Sanepar, uma sucessão de problemas afetou o fornecimento de água: a tempestade do dia 4, que provocou queda de energia e interrompeu o bombeamento de água; o corte de um cabo elétrico por vandalismo, já consertado; e o rompimento de uma rede de água na última segunda-feira, também resolvido. A empresa prometeu deslocar técnicos até o local para verificar se a água está chegando aos apartamentos com a pressão padrão ou se há algum vazamento.