O ano de 2012 começa com uma indagação de amplo interesse estadual: e o pedágio? Como é que fica? Ou não fica? As negociações entre governo do Estado e empresas para redução de tarifas corriam faceiras até o início de outubro passado, quando o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, colocou sobre a mesa do governador Beto Richa (PSDB) ofício comunicando que o setor produtivo (o agrobusiness) não aceitava acordo que dispensasse profunda auditoria nos contratos firmados com as concessionárias. A conversa mixou. E ninguém falou mais no assunto.
De acordo com versões circuladas em 2011, a proposta costurada por concessionárias e Estado era para deixar as duas partes felizes: o governo ficaria com o crédito de reduzir o preço da tarifa e as empresas ganhavam uma generosa prorrogação dos contratos, a perder de vista. A tarifa teria ligeira queda, mas continuaria muito alta em comparação às estipuladas em contratos mais recentes, especialmente os firmados pelo governo federal.
“Para pior”
O setor produtivo entrou de sola para dizer que não abre mão de arrombar a caixa preta do pedágio para saber exatamente o volume de recursos que as concessionárias receberam desde maio de 1998, o que fizeram em termos de investimentos, o que deixaram de cumprir e o que foi cumprido dos contratos firmados com o então governo Jaime Lerner. Sem isso não tem negócio e, se tiver, vai ter confusão. “A tarifa continua alta, impactando perversamente os preços recebidos pelos produtores rurais e grande parte das melhorias previstas não se concretizou”, disse Meneguette. Para ele, com o pedágio “muita coisa mudou e para pior”.
As empresas de pedágio fizeram ouvidos moucos. E, depois disso, um silêncio sepulcral baixou sobre a questão. Contribuiu a proximidade do fim de ano e as férias, que dispersa atenções e adia decisões. Não se falou mais de pedágio, não se falou mais de negociação e nem em redução dos preços de tarifas. De acordo com Carlos Augusto Albuquerque, assessor técnico da presidência da Faep, o setor produtivo está de olho aberto para a questão e não pretende fechá-lo porque a arrecadação do pedágio em boa parte se fundamenta no transporte da produção. Na avaliação dele, é uma sangria do lucro agrícola que vai para o pedágio.
Para o setor produtivo, o pedágio tem relação quase de rapinagem com o agrobusiness. O boletim número 1.155 da entidade classifica o pedágio de “caixa-preta” e acusa as concessionárias de praticar “tarifas absurdas” para obter “lucros astronômicos”. Definitivamente, os dois setores têm interesses antagônicos. Neste caso se aplica um velho ditado: o campo sobrevive sem o pedágio.