A Comissão Estadual de Política Fundiária da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) denunciou ontem, em nota oficial, que “os órgãos governamentais, federal e estadual, estão se identificando com os métodos “fascistas” do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de se impor pela prepotência, pelo medo e pela intimidação”.
Para a Faep, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o governo estadual estariam instituindo um novo método de “esbulho possessório” no Paraná para “contornar a recusa dos produtores em vender suas terras”.
No documento Carta aos Paranaenses, a entidade diz que, após as invasões de terra e a concessão de liminar de reintegração de posse, o Incra pede ao governo estadual que não a cumpra, sob argumento de que pretende negociar sua compra. “Denunciamos que tal método tem como lógica a negociação de terras sob coação do produtor rural que está com sua propriedade invadida. Guardadas as devidas proporções, entendemos que tal método em nada difere da lógica de negociação de seqüestro de pessoas”, diz o documento.
Politizar
O superintendente regional do Incra, Celso Lisboa de Lacerda, disse que não iria “politizar” a discussão da reforma agrária. “Não podemos achar um culpado político para isso, mas solução”, afirmou. “E a solução é terra.” Ele confirmou que trabalha com a Secretaria de Segurança Pública tentando reduzir o problema. Para ele, promover despejos não vai solucionar, apenas perpetuar o conflito, visto que as famílias acabam invadindo outra propriedade.
Para Lacerda, o que precisa é o MST e os produtores rurais pararem de “ideologizar” a discussão. “A Faep poderia ajudar a arrumar terra”, propôs. Ele garantiu que tem procurado manter uma posição criteriosa e técnica para encontrar a solução. O secretário da Segurança Pública não se pronunciou até o início da noite de ontem.
Armas
A Secretaria de Estado da Segurança Pública fez ontem uma operação para garantir a tranqüilidade e prevenir incidentes em dois acampamentos na fazenda Araupel, município de Rio Bonito do Iguaçu, na região Centro-Oeste do Paraná. A ação policial foi batizada de Operação Desarmamento. Durante a vistoria, cinco pessoas foram detidas por porte ilegal de arma, entre elas um adolescente, e quinze armas de fogo, entre espingardas e revólveres, foram apreendidas. A operação teve inicio às 7h e durou aproximadamente cinco horas. Foram vistoriados o acampamento do “Preto”, que pertence ao Movimento dos Trabalhadores Rurais (MTR) e o acampamento da “Cleci”, que pertence a dissidentes do MTR. Juntas, as duas áreas abrigam cerca de 150 pessoas. Os detidos foram encaminhados para a delegacia de Laranjeiras do Sul.
De acordo com a Polícia Militar, a operação foi realizada em cumprimento a uma ordem judicial expedida pela juíza da Comarca de Laranjeiras do Sul. A justificativa é que as duas áreas têm um histórico de conflitos e mortes entre os integrantes do próprio movimento. Participaram da operação policiais de Laranjeiras do Sul e Companhia de Choque de Curitiba e Guarapuava.