Os primeiros sinais de prejuízo com a greve dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) começam a aparecer no Paraná. Segundo o escritório regional da entidade em Paranaguá, o volume do processo de exportação de madeira e de seus subprodutos no Porto caiu 88%.
Essa redução se deve ao limite de Autorização de Transporte de Produto Florestal (ATPF), uma licença obrigatória para o embarque da carga, que é emitida pelo Ibama. Desde o início da paralisação dos servidores no Estado, na última quarta-feira, a ATPF só é liberada com a apresentação de um mandado de segurança. A Justiça Federal em Paranaguá tem concedido a determinação judicial diariamente. Somente ontem, foram concedidas oito liminares.
Segundo o chefe do escritório do Ibama em Paranaguá, Lício Domit, a média de autorizações expedidas desde o início da greve tem girado em torno 12 por dia. A média regular é de 100. O total exportado ontem, com as oito liminares concedidas pela Justiça, somou US$ 1,272 milhão, com 6.270 metros cúbicos de material. Na média, de acordo com o Ibama, o volume de carga pode chegar a 60 mil metros cúbicos. A US$ 200 cada metro cúbico da madeira plantada, o total da carga que seria exportada pode chegar a US$ 12 milhões.
“Provavelmente o número de liminares deve aumentar nos próximos dias. No entanto, o volume de cargas que depende da liberação é grande e acaba se acumulando no porto. E nós só estamos expedindo a autorização com a apresentação da liminar da Justiça. Sem isso, a carga não embarca”, destacou.
A greve nacional se iniciou no dia 15 de setembro. Até o momento, de acordo com a Associação dos Servidores do Ibama (ASIbama), 90% dos 6 mil servidores já aderiram à mobilização. Eles reivindicam a revisão do Plano de Carreira, incluindo gratificação de 55%, já concedida aos servidores da Agência Nacional de Águas (Ana), e o enquadramento de aposentados e pensionistas no plano. No Paraná, a paralisação já abrange todo o Estado.
A assessoria do Porto de Paranaguá, porém, afirmou que nenhum problema tinha sido contabilizado até a tarde de ontem. “Os representantes do porto ainda não sentiram os problemas porque, até a semana passada, nada tinha acontecido. Hoje (ontem) é que algumas cargas ficaram paradas e tiveram que aguardar a liberação”, disse Lício.
De acordo com o Ibama em Paranaguá, a greve vai seguir, segundo a determinação do comando de greve nacional. Até o final da semana, o governo federal deve apresentar uma proposta para a categoria, para que a paralisação seja encerrada. “É uma mobilização que aos poucos vai influenciando na exportação de um produto que têm crescido em todo o País e no Paraná. O prejuízo pode ser maior, porque aquelas empresas que não apresentarem a liminar terão que aguardar, e pode ocorrer uma superlotação dos depósitos”, completou.
Adesão
De acordo com o comando de greve em Curitiba, todas as gerências executivas do instituto estão paralisadas. Os escritórios regionais, segundo a avaliação da entidade, está sem 90% do contingente para continuar com os serviços de fiscalização. “Além do problema nos portos, a paralisação vai influenciar na fiscalização contra o desmatamento em todo o País e contra o tráfico de animais, que ainda é realizado”, informou Reinaldo Zuardi, coordenador do núcleo ambiental do Ibama na capital.