Três pessoas ficaram feridas e pelo menos nove casas destruídas em uma série de explosões em um armazém de sal, ontem, em Paranaguá. O fogo começou por volta das 15h, quando funcionários tentavam conter um vazamento de gás num dos tanques da empresa Romani S/A Indústria e Comércio de Sal, detentora da marca Sal Diana. No momento da primeira explosão o local já estava sendo evacuado.
?O trânsito estava parado. Estacionei e saí do carro. Logo em seguida, aconteceu a explosão e voou partes dos tanques?, contou o despachante aduaneiro Josimar de Lima, que teve parte de seu carro destruída por pedaços do tanque, que cairam na traseira do veículo. Com a força do impacto, seu veículo foi arrastado cerca de três metros.
Foto: Chuniti Kawamura |
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Impacto das explosões foi forte, afetando a estrutura. |
Os três feridos durante a explosão foram encaminhados para o Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá. Dois deles, José Pereira dos Santos e José Aparecido Marreira, estavam em estado grave. Um deles teve 40% do corpo queimado e o outro 60%. Ambos trabalhavam para a Ultragaz e um deles fazia a manutenção dos tanques na hora da explosão. Durante a noite, foram transferidos para a UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba, que é especialista no cuidado de queimados. O quadro de saúde deles era estável. O outro paciente, Marcos Antonio Soares, teve ferimentos leves, mas passou a noite em observação no hospital.
Bombeiros
Os bombeiros tiveram muito trabalho para controlar o fogo. Foram deslocados para o local oito caminhões, sendo dois de Curitiba, além de 40 homens. Na empresa havia seis cilindros de gás com 2 mil quilos cada. Dois deles explodiram e os outros estavam vazando, com fogo. Uma caldeira usada para secagem do sal também explodiu. Os bombeiros fizeram o trabalho de resfriamento com água para que não explodissem e ficaram esperando até a queima total do gás. Outras áreas da empresa não foram afetadas.
Foto: Chuniti Kawamura |
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Calor intenso. Bombeiros tiveram bastante trabalho para conseguir conter as chamas. |
Para garantir a segurança dos moradores, cerca de 10 quadras foram evacuadas ao redor da empresa e 50 famílias retiradas. No entanto, nove casas, que ficavam encostadas à parede da empresa, foram destruídas pelo fogo. Seis delas queimaram totalmente e as demais tiveram a estrutura afetada. ?Eu e meu genro estávamos em casa. Ouvimos o barulho de vazamento, mas ficamos em casa. Quando começou o fogo, saímos correndo?, disse a dona de casa Salete de Sá. Ela mora há 25 anos no local e diz que é comum sentir cheiro de gás. Berenice Oliveira Santos teve o seu ganha-pão destruído. O fogo destruiu o bar que a família mantinha. ?Não consegui tirar nada, nem roupa. A gente está aqui com fome e frio?, reclamou.
O secretário de Segurança Pública de Paranaguá, Álvaro Domingues Neto, foi até o local e disse que engenheiros da Prefeitura iriam fazer uma perícia no local. Os cerca de 30 desabrigados seriam encaminhados para passar a noite em uma escola municipal.
Empresa
A Sal Diana é a maior empresa refinadora de sal do Sul do Brasil e está há quase 50 anos instalada em Paranaguá. A empresa produz 18 mil toneladas de sal por mês e gera 250 empregos diretos em Paranaguá. A maior parte do produto vem em estado bruto do Chile e o restante do Rio Grande do Norte. Na refinadora, ele é beneficiado e enviado, pronto para o consumo, para o mercado interno. No ano passado, foram movimentadas 220 mil toneladas de sal. A meta para este ano é aumentar para 250 mil toneladas.
Vicuña: outro momento de tensão
Fabiano Klostermann
Ocorrida em 15 de novembro de 2004, a explosão do navio Vicuña foi outro momento de tensão vivido recentemente pelos moradores de Paranaguá. Por volta das 20h daquele dia, a embarcação chilena estava atracada no terminal de produtos inflamáveis da empresa Cattalini, descarregando uma carga de 11 mil litros de metanol. Com os tanques já reabastecidos para a viagem de volta, o navio explodiu e a violência do choque afetou várias residências do bairro do Rocio, que, em festa, comemorava o dia da padroeira da cidade.
Passados quase três anos, a última revelação do caso foi um laudo, elaborado a pedido do Tribunal Marítimo, apontando que a centelha que provocou o acidente se originou num dos tanques do navio. Com isso, a operadora Cattalini foi inocentada e a culpa caiu sobre a Sociedad Naviera Ultragaz, dona do Vicuña.
Partido em dois após o acidente, o navio ainda derramou 290 mil litros de óleo combustível na baía de Paranaguá.
A posterior suspensão das operações de pesca e coleta de caranguejos no litoral paranaense prejudicou a economia local, e a poluição nas praias afetou significativamente o turismo em toda a região.
