O rio Iguaçu, o maior do Paraná e um dos mais importantes do sul do Brasil, é mais conhecido pelas Cataratas de Foz do Iguaçu, na divisa com a Argentina. O trecho de aproximadamente 90 km que começa em Curitiba e vai até Porto Amazonas, chamado de Alto Iguaçu, não tem essa visibilidade, embora seja de grande relevância para quem vive nos municípios que estão na Bacia do Alto Iguaçu.
Pouca gente sabe que o Iguaçu tem suas nascentes dentro da capital paranaense. O marco zero é no bairro Cajuru, no local onde se encontram os rios Atuba e Iraí, perto da divisa com os municípios de Pinhais e São José dos Pinhais. Ali, o rio nasce já poluído e retificado, pois esse ponto da nascente não é o original. O marco atual é resultado de obras realizadas para conter cheias na região.
Somente dentro de Curitiba, o rio Iguaçu tem quase 29 km. No trajeto até Porto Amazonas, passando por São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande, Araucária, Balsa Nova e Lapa, o Alto Iguaçu tem belos cenários a serem descobertos. São curvas, cachoeiras, corredeiras, trechos de ferrovia e pontes, formando composições que escapam aos olhos até mesmo de quem vive próximo ao rio.
O objetivo do projeto Nascentes, Corredeiras e Cachoeiras do Alto Iguaçu, idealizado pelo ambientalista José Álvaro Carneiro e viabilizado pela Lei Rouanet, é fazer um amplo registro fotográfico para trazer a público uma visão integrada e inédita do Alto Iguaçu.
Carneiro, autor do livro, e sua equipe, estão preparando uma obra que será publicada em edição bilíngue. O livro vai combinar imagens captadas durante expedições aéreas e fluviais a textos, baseados em pesquisas históricas e também no material colhido durante as viagens: pessoas, flora, fauna, construções e cenários naturais.
Este amplo registro vai trazer uma visão integrada do Alto Iguaçu desde as nascentes na região de Curitiba. A obra vai revelar a intervenção do ser humano e a relação dos moradores da região com o rio, além das belezas naturais e paisagens desconhecidas.
A equipe inclui a cientista social e pesquisadora Luciana Morais e os fotógrafos Mariana Marquez Carneiro e Hudson Garcia.
Além da comercialização – cuja renda será em prol do Hospital Pequeno Príncipe – 20% da tiragem será distribuída para bibliotecas dos municípios que compõem a bacia do Iguaçu.
As Expedições pelo Alto Iguaçu
Em junho, a equipe fez um voo de helicóptero pela região do Alto Iguaçu, partindo de Curitiba, para reconhecimento do trajeto a ser feito de barco.
Durante essa viagem, quando foi possível visualizar as diferentes configurações e ocupações que o rio Iguaçu ganha desde a capital até o município de Porto Amazonas, mais de 500 imagens foram captadas pelo fotógrafo Hudson Garcia e pelo ambientalista José Álvaro Carneiro, autor do livro.
O grupo viu cenários diversos: trechos retificados e canais extravasores construídos entre Curitiba e São José dos Pinhais; partes do rio que recebem dejetos e poluição; pontos com muitas curvas, água limpa e mata ciliar, e outros onde grandes áreas de cultivo chegam às margens do rio; pontes ferroviárias, pequenas ilhas, corredeiras e paisagens deslumbrantes, em contraponto a cenários de sujeira, devastação e descaso com as águas do Iguaçu.
Em julho e agosto, a equipe cumpre etapas de expedição fluvial e também por terra. Um bote inflável vai percorrer o Alto Iguaçu desde a nascente em Curitiba. Parte do grupo acompanha o trajeto por terra, nos pontos onde é possível o acesso ao rio, dando apoio à equipe do barco.
A primeira expedição está marcada para os dias 24 e 25 de julho.