Lucimar do Carmo / GPP
Lucimar do Carmo / GPP

Participantes do consórcio alegaram
que fizeram reclamações à direção
da FEC, à DRT e ao Ministério do
Trabalho e Emprego.

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Representantes de cinco das seis entidades executoras do Consórcio Social da Juventude em Curitiba concederam ontem uma entrevista coletiva, onde reafirmaram que não abonam a prestação de contas apresentada pela Fundação Estadual de Cidadania (FEC) e que a entidade é a responsável pela briga entre as organizações nãogovernamentais (ONGs) ter ido parar na esfera política. ?Nunca afirmamos que o dinheiro era desviado em favor do deputado Ângelo Vanhoni. Foi a FEC que politizou a discussão quando foi se defender?, afirma a procuradora do Ministério Público do Trabalho e coordenadora do Instituto Lixo e Cidadania (Ilix), Margareth Mattos. ?A nossa afirmação foi de que a administração do consórcio pela FEC foi desastrosa.?

Na semana passada as executoras apresentaram à Delegacia Regional do Trabalho (DRT/PR) um documento relatando a dificuldade financeira em que se encontram por participarem do programa. O Tribunal de Contas da União (TCU) também investiga as entidades envolvidas no consórcio, tendo enviado um parecer a Brasília sugerindo uma devassa nos consórcios em todo o País e o corte do envio de verbas à capital paranaense. A ligação com Vanhoni se deu pois membros da diretoria da FEC trabalharam para o deputado.

As entidades dizem que fizeram reiteradas reclamações à direção da FEC, à DRT e então ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Quando a coordenadora dos consórcios, Luciana Tanos, esteve em Curitiba para apurar denúncias, teria redigido um relatório final ?dirigido? pela âncora, onde afirma que não encontrou irregularidades. ?Esse relatório não é verdadeiro?, diz Mattos. Os representantes afirmam que a coordenadora não teria visitado todas as ONGs. Na semana passada, Tanos disse a O Estado que ?visitou todas as entidades e que ouviu as queixas de todas elas?. As executoras também acusam a FEC de ter realizado apenas uma reunião durante todo o consórcio. O presidente da FEC, Edson Padilha, diz que foram realizadas ao menos onze.

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De acordo com as executoras, o valor de mais de R$ 690 mil a que teriam direito é baseado no Manual de Implementação do Programa e, caso tivessem recebido o montante, poderiam ter atendido melhor aos educandos e não teriam tido perda financeira com a participação no consórcio.

A conselheira fiscal da Ilix, Maria Rosa de Mello, apresentou um e-mail de um dos educandos atendidos pela entidade, relatando que não recebeu R$ 300 da bolsa-auxílio a que teria direito. Quando questionou a FEC, o sistema de controle dizia que ele já havia retirado o montante. Para retirar o dinheiro no banco, é necessário assinar um recibo. ?Faz dois meses que fizemos essa reclamação e até agora não obtivemos resposta?, diz a procuradora do jovem, Jimena Aranda. De acordo com Padilha, o erro foi do Banco do Brasil, e a entidade já teria pedido uma cópia do microfilme do recibo, mas até agora não recebeu.

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O e-mail também diz que o jovem, que já tinha carteira de estudante da Urbs, que dá direito a meia passagem, quando foi apresentar o documento à FEC para obter o benefício, teve que fazer outro cartão para pagamento integral dos vales. ?Fizemos esse questionamento à FEC. Eles disseram que iriam tentar liberar os vales por meios políticos, mas não o fizeram. Isso teria economizado muito dinheiro para o programa?, diz o presidente do Instituto Inpar 28 de Julho, Roberto Kaiser.

Mesmo assim, todos reafirmaram a importância do projeto e divulgaram uma carta enviada ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, onde pedem a continuação do consórcio. O MTE informou que o secretário executivo do órgão, Alencar Ferreira, virá à cidade amanhã para acompanhar a apuração das denúncias.