Curitiba foi a capital brasileira escolhida para o lançamento de um novo exame para detectar a presença do vírus da aids, o HIV. O resultado sai em apenas meia hora e é feito apenas com uma gota de sangue extraída de um dos dedos do paciente. A coordenadora do Programa Nacional de DST/aids, Mariangela Galvão Simão, explica que a rapidez do procedimento é importante porque cerca de 30% dos pacientes que fazem o teste não voltam para pegar o resultado. Continuam transmitindo a doença, além de não iniciar o tratamento. Até junho todos os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) do País devem estar oferecendo o teste, mas em Curitiba, ele poderá ser feito em qualquer unidade básica de saúde.
Até hoje, o exame só era oferecido em doze cidades da Amazônia, porque o acesso às regiões era difícil. Mas a intenção agora é fazer com que as pessoas saiam dos postos de saúde com o resultado em mãos. Em alguns lugares do País, a espera era de até 40 dias e muita gente acabava não voltando para confirmar o diagnóstico.
Mariangela explica que a situação preocupa porque o soropositivo vai continuar transmitindo o vírus e também não estará se protegendo das doenças oportunistas, piorando a sua qualidade de vida. Em Curitiba, existem 7.700 casos de aids confirmados, mas para cada paciente estima-se que outros cinco não sabem que têm o vírus, ou seja, pelo menos umas 40 mil pessoas.
Segundo Mariangela, a capital do Estado foi a cidade escolhida para o lançamento do novo exame devido aos resultados positivos de campanhas anteriores. A população costuma participar e o sistema de saúde é organizado, dando atendimento para as pessoas que tiverem a confirmação da presença do vírus da aids. De acordo com o secretário municipal de Saúde e vice-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, a partir de segunda-feira todas as unidades básicas de saúde vão estar preparadas para fazer o teste e dar todo o atendimento.
O lançamento da campanha foi feito na Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho, no Centro de Curitiba, e antes das 11h cerca de 400 pessoas já estavam à espera do exame. Os 26 postos que abriram as portas ontem estavam preparados para realizar até oito mil atendimentos.
O presidente do Grupo Dignidade, Toni Reis, afirma que a campanha é positiva e toda a população deve participar. "Não existe mais grupos de risco para aids, no entanto, as pessoas continuam achando que a doença é transmitida basicamente entre homossexuais e prostitutas", comenta. A campanha também contou com a participação de vários atletas. Entre eles, a triatleta Anne Fernandes, 57 anos, que está se preparando para participar do Pan-americano em junho, em Brasília. "É importante incentivar outras pessoas a fazerem o teste. Tem gente que tem o vírus e não sabe", afirma. Outro atleta que marcou presença foi o jogador do Paraná Clube, Parral. "É importante divulgar a campanha para quem precisar iniciar o tratamento logo, melhorando a qualidade de vida", disse.
O exame é simples, sigiloso e pode ser realizado por qualquer pessoa com mais de 14 anos. Extrai-se de um dos dedos uma gota de sangue, com a ajuda de uma lanceta descartável. Depois de coletado, o material é colocado para reagir, simultaneamente, em dois aparelhos também descartáveis. Se o resultado for positivo nos dois aparelhos, fica confirmada a presença do vírus. Se em apenas um deles, faz-se um terceiro exame, desenvolvido pelo laboratório Abott. Os dois primeiros equipamentos foram criados pelo Instituto Bio-manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, e pelo Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Espírito Santo. Por enquanto, no restante do País, só os CTAs vão estar oferecendo o teste, que custa R$ 5 a mais do que o convencional. Mas a medida que o preço for caindo, o teste será estendido.
