Acampamento improvisado ao lado de uma igreja, no Santa Quitéria, chamou a atenção dos moradores do bairro. Um lençol usado como “teto”, mesa e dois colchões eram, até a noite de terça-feira, a “casa” de uma família. O Paraná Online foi até o local e conheceu o drama do ex-motorista Pedro Gonçalves, de 49 anos, que vive com a mulher e um filho pelas ruas da região e sonha com uma casa na favela.
A dica é da leitora Liége Scuissiatto, que enviou mensagem à redação. “Olha a situação que uma família está vivendo na esquina da minha casa! Gostaria de pedir a ajuda de vocês, porque não é nada humano uma família viver assim… Cadê a prefeitura de Curitiba e órgãos competentes?”, escreveu.
Na tarde de ontem (15), a família de Pedro não estava mais no local indicado por Liége. A reportagem encontrou o ex-motorista a poucas quadras dali, já sem parte do velho acampamento. “Na noite passada, um caminhão da prefeitura passou por aqui e recolheu meus dois colchões e a mesa”, contou. “Ficaram só o carrinho de mão e as ferramentas que uso pra ganhar alguns trocados cortando grama.”
Bicos
Pedro diz que vive com a família nas ruas do bairro desde o final de 2011, quando perdeu o emprego. “Tenho o braço machucado em atropelamento e tumor no ombro. Por isso não consigo mais emprego. Antes morava de aluguel na favela da Portelinha, aqui na região, mas agora não tenho mais como pagar R$ 300 por mês”, afirma. Desde então, a rotina de Pedro, a esposa Cirlei e o filho Alex, de 22 anos, é procurar algum bico para sobreviver e um novo lugar para montar acampamento. “As pessoas não deixam a gente ficar muito tempo no mesmo lugar. Tem gente que joga pedras em nós durante a noite e ameaçam jogar álcool e tacar fogo. Ontem mesmo fomos ameaçados”, relata.
Pede ajuda da população
A família de Pedro Gonçalves já recebeu convite para viver em um dos abrigos oferecidos pela Fundação de Ação Social (FAS). Mas, segundo ele, recusou por não poder levar junto os “guarda-costas”, os vira-latas Foquinha e Nenê. “Não deixam a gente ficar com os cachorros. Eles são a única riqueza que temos e não podemos abandonar”.
Apesar de se dizer incapacitado para o trabalho, não pediu aposentadoria por invalidez, nem auxílio-doença. “Não tenho dinheiro nem para pegar ônibus. Como vou correr atrás disso?”, questiona o ex-motorista, que diz estar há três anos na fila da Cohab.
Vaquinha
Sem saber onde vai passar a próxima noite, Pedro pede ajuda para “a população”. “Não quero dinheiro, mas podiam fazer uma vaquinha e me ajudar. Só preciso de um lugar pra morar. Com R$ 5 mil dá pra comprar uma casa na favela”.