A polêmica em torno da legalização da maconha está longe de ser uma unanimidade. Ontem, o debate que abriu a 13.ª Semana Estadual de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas (Previda) mostrou que parte dos especialistas no assunto se posiciona contrária à descriminalização da droga, mesmo com algumas vertentes que salientam as possíveis vantagens que o uso da maconha poderia implicar.
As discussões, que aconteceram no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e contaram com participação de professores, alunos e representantes do Ministério Público Estadual (MPE) e do Poder Judiciário, abordaram, entre outros aspectos, o uso da droga para fins medicinais.
Para a professora de Farmacologia da UFPR, Roseli Boerngen de Lacerda, as vantagens medicinais não justificariam a liberação da maconha. ?Alguns dos kanabnóides têm propriedades terapêuticas, porém, não são superiores ao que já é encontrado no mercado?, afirma.
Foto: Anderson Tozato |
?Famílias freqüentam o Largo da Ordem e a iniciativa poderia influenciar uma criança que passasse pelo LOCAL.? (Vani Bueno, promotor do MPE, comentando a marcha). |
Outro tema trazido à tona foi a proibição da ?Marcha da Maconha?, que deveria acontecer no último dia 4 em Curitiba. Para o organizador da marcha no Paraná, Mauro Leno, o veto à manifestação foi uma afronta à democracia. ?Não havia apologia ao consumo dentro dos nossos objetivos. Mesmo assim, nos foi tirado o direito constitucional de liberdade de expressão?, enfatiza.
O promotor do MP, Vani Antônio Bueno, entende que haveria possibilidade de a marcha conter expressões de apologia ao uso de drogas.
?Entendemos que famílias freqüentam o Largo da Ordem e a iniciativa poderia influenciar uma criança que pudesse passar pelo local, com um conceito de que a droga não faz mal?, diz.
Para Leno, que parabenizou a organização da Previda, esse é um espaço ideal para a discussão do assunto. Entretanto, ele criticou a composição da mesa de debate. ?Eram quatro pessoas cujo posicionamento é contrário à legalização da maconha, sendo dois representantes do Judiciário. Acho que poderiam ser convocadas pessoas que possam acrescentar algo novo às discussões?, diz.
O evento, promovido pelo Conselho Estadual Antidrogas e pela Coordenadoria Estadual Antidrogas, deve se estender até a próxima sexta-feira. Os debates também acontecem no auditório do MP, no Centro Cívico, e na Coordenadoria Estadual Antidrogas, na Vila Isabel.