A evasão escolar tem sido motivo de preocupação nos municípios de União da Vitória, Bituruna, General Carneiro, Cruz Machado, Porto Vitória e Paula Freitas, na região sul do Estado. A estimativa é de que cerca de 500 crianças e adolescentes estejam fora da escola nessas cidades.
Com o objetivo de fazê-los voltar a estudar, a Vara da Infância e Juventude de União da Vitória promoveu, ontem, uma série de audiências públicas de alerta e advertência aos pais.
“As audiências têm duas fases. Na primeira, explicamos aos pais e responsáveis que caso seus filhos não estejam na escola ou não retornem às salas de aula eles podem sofrer consequencias judiciais. Na segunda, falamos sobre a importância do ensino para o futuro das crianças”, informou o juiz de Direito da Vara, Carlos Eduardo Mattioli Kockanny.
Na primeira fase, os pais descobriram que podem responder por crime de abandono intelectual caso os filhos sejam mantidos fora da escola. A pena para esse tipo de delito é multa e detenção de até dois meses.
Em casos mais drásticos, a perda da guarda dos filhos também pode ocorrer. Quando os pais são considerados omissos, as crianças e adolescentes podem ser entregues aos cuidados de parentes ou mesmo de famílias substitutas.
“Ao tomarem conhecimento de tudo isso, muitos pais se assustam e fazem com que seus filhos voltem à escola. Por isso, após as audiências, estamos esperando o retorno imediato de diversos estudantes.”
Já na segunda fase, professores de núcleos de educação de União da Vitória e dos municípios vizinhos falaram sobre a importância da permanência dos jovens na escola, dando bastante ênfase ao futuro profissional dos mesmos.
“Nas próximas semanas, estaremos acompanhando as famílias de crianças e adolescentes que estão fora da escola para verificar a porcentagem de retorno. Além disso, vamos procurar saber o motivo da evasão com o intuito de evitar novos abandonos”, afirmou o juiz.
Causas
Segundo a assistente do Núcleo Regional de Educação de União da Vitória, Salete Tonon, são diversas as causas que levam à evasão escolar, entre elas gravidez na adolescência, falta de transporte (principalmente em áreas rurais), trabalho infantil e questões culturais (geralmente quando os pais não consideram o estudo uma coisa tão importante e repassam este pensamento aos filhos).
No ano passado, em 12 de abril, uma primeira série de audiências foi realizada no município. Na época, 500 pais foram chamados para participar. Tempos depois, foi verificado o retorno de 200 crianças e adolescentes para a escola.
