Estudo traça perfil da aranha-marrom

Traçar um completo perfil da espécie Loxosceles intermedia, a aranha-marrom que se reproduz em Curitiba, é o objetivo de um projeto desenvolvido por entidades científicas e universidades. Uma equipe de pesquisadores estudou a aranha-marrom em diferentes aspectos e conseguiu muitos resultados positivos. Houve a descoberta, inclusive, de um composto alimentar que funciona como repelente. A pesquisa é tão ampla que os pesquisadores brasileiros estão contando com o apoio de um especialista em comunicação entre animais, reconhecido internacionalmente, da Eslovênia.

O professor Eduardo Ramires, da Universidade Tuiuti do Paraná, é um dos participantes do projeto. Ele explica que as pesquisas visam o desenvolvimento de um plano de monitoramento e controle populacional da aranha-marrom. Os pesquisadores estudam a biologia da espécie e testam as ferramentas utilizadas normalmente pela população para combater ou matar as aranhas.

O projeto começou há três anos e o resultado será apresentado em 2007. Durante as pesquisas, um dos grupos descobriu um composto alimentar que funciona como repelente para a aranha, sem toxicidade. O produto está sendo patenteado. Além disso, os pesquisadores também verificaram que a aranha-marrom morre quando é sugada por um aspirador de pó. Mas não pode ser qualquer aspirador: deve ser um equipamento potente, daqueles que sugam líquidos e sólidos. ?Em um aspirador com menos potência, a aranha- marrom não morre, mesmo ficando junto com o pó?, explica Ramires. Sobre os inseticidas, são necessárias doses enormes, em relação ao que se é aplicado nos outros insetos, para matar a aranha- marrom.

Foto: Chuniti Kawamura/O EstadoNeste momento, o professor da Tuiuti está realizando experimentos ao lado de Andrej Cokl, do departamento de entomologia do Instituto Nacional de Biologia de Ljubliana, na Eslovênia. Cokl é um dos maiores especialistas internacionais sobre a comunicação entre animais. Nesta etapa do projeto, os dois observam como um macho e uma fêmea de aranha-marrom se comunicam para a reprodução sexual. ?Sabemos que existe uma comunicação química na qual o macho chama a fêmea?, comenta Ramires.

A aranha-marrom também emite sons, mas eles são muito baixos. Diante disso, Cokl trouxe um equipamento especial, com um microfone muito sensível para realizar o experimento. O Integrated Sound Levelmeter está permitindo a captação destes sons. Depois, eles são analisados em um programa de computador.

Como os sons emitidos são muito baixos, os pesquisadores identificaram que as aranhas-marrons não se comunicam pelo ar. A comunicação é feita por meio de vibrações em substratos. Elas sentem as vibrações no chão, por exemplo. O desafio agora é descobrir como isso pode ser usado na criação de uma armadilha. Para Cokl, a experiência está sendo muito válida. ?Está sendo uma grande oportunidade para trabalhar?, afirma.

Quando os estudos de todo o grupo terminarem, os resultados vão dar origem a um artigo científico. As informações serão a base da formulação de um plano de controle e combate por parte da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Por enquanto, a população pode aspirar os locais com o equipamento certo; evitar o acúmulo de entulhos, principalmente nos forros; e tolerar as lagartixas, que são os maiores predadores da aranha-marrom. As aranhas se escondem em lugares escuros, pouco acessíveis e com baixa umidade. Elas são consideradas um caso de saúde pública em todo o Paraná.

No projeto, além da Sesa, participam as universidades Tuiuti do Paraná, Federal do Paraná e Pontifícia Universidade Católica do Paraná. As pesquisas são financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Paraná (Fundação Araucária).

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