Estudantes realizaram uma passeata ontem, pelo centro de Curitiba, para pedir a implantação do passe livre na cidade. Com apitos, cartazes e frases de ordem, eles saíram da Praça Santos Andrade e seguiram em direção à sede da prefeitura, no Centro Cívico. Lá, tiveram uma reunião com o prefeito Beto Richa e diversos membros da administração municipal, entre eles o presidente da Urbs, Paulo Schimidt. O protesto se repetiu em 20 capitais brasileiras e outras 15 grandes cidades.
Os jovens argumentam que o passe livre é um direito do estudante. Atualmente, menos de 5% dos alunos que moram em Curitiba têm acesso ao Passe Escolar, desconto de 50% no valor das passagens dado pela Prefeitura. "Sabemos que existe uma dificuldade em implantar o passe livre. Por isso, estamos pedindo que o Passe Escolar abranja todos os estudantes de Curitiba", disse o presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Arilton Feres. A manifestação teve o apoio de diversas entidades estudantis.
Segundo os estudantes, Curitiba e Belo Horizonte são as duas únicas capitais que não dão o acesso irrestrito ou a meia passagem para todas as pessoas que estão estudando. "A prefeitura poderia dar o passe livre para os que hoje possuem o Passe Escolar, pessoas com menores condições econômicas. Para o resto dos estudantes, o Passe Escolar já seria uma grande ajuda", afirma Michael Dionísio, secretário-geral da União Curitibana de Estudantes Secundaristas.
A estudante Débora Cristina de Abreu, que cursa contabilidade integrada com o Ensino Médio na Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que a obtenção do Passe Escolar na Urbs é muito burocrática. "Não são todos que têm acesso ao Passe Escolar e, além disso, tem que provar que você realmente não tem condições de pagar as passagens", revela Débora. Para ser cadastrado no programa Passe Escolar da Prefeitura, o estudante deve morar distante dez quadras ou no mínimo um quilômetro da escola onde estuda. Também é preciso seguir critérios de renda familiar para a concessão.
Uma comissão de 12 representantes das entidades estudantis foi recebida pelo prefeito, Beto Richa, e pelo vice-prefeito, Luciano Ducci, perto das 13h. Eles mostraram exemplos de cidades que já oferecem o passe livre. A assessoria de imprensa da Urbs informou que 60% dos estudantes atendidos pelo Passe Escolar pertencem às escolas estaduais. O restante são alunos de escolas particulares e comunitárias, entre outros. Por isso, uma das saídas para a questão do Passe Escolar ou passe livre seria um apoio do governo do Estado. A situação não ficou definida, mas os estudantes concordaram em marcar um novo encontro, no dia 4 de abril, que contará com a participação das secretarias municipais, da Urbs e de representantes dos governos estadual e federal.
Superlotação em escola gera reclamações
Os estudantes do Colégio Estadual Professora Iara Bergmann, na Vila Osternack, convivem diariamente com a superlotação das salas de aula. Os quase 3 mil alunos matriculados para este ano estão divididos em quatro turnos de aula, em uma estrutura que deveria atender 1,7 mil pessoas. Além disso, há falta de funcionários no setor administrativo e em serviços gerais. Ontem pela manhã, os estudantes e seus pais fizeram uma manifestação pedindo a construção de um novo colégio, próximo ao já existente.
Eliane Bernardo, que é estudante do período da noite e mãe de um aluno, conta que a comunidade escolar quer melhores condições de educação. De acordo com ela, a escola está atravessando uma fase de muitas dificuldades, com a estrutura debilitada. "O colégio está passando por um sério problema", comenta.
Os quase 3 mil alunos estudam em quatro turnos: das 7h às 11h; das 11h às 14h30; das 14h30 às 18h30; e das 19h às 22h45. A superlotação faz com que muitos pais comparem o colégio a uma prisão lotada.
A assessoria da Secretaria Estadual da Educação (Seed) divulgou uma nota no final da tarde de ontem, reconhecendo a necessidade de se construir uma nova escola na região. A nota também nega a falta de funcionários e afirma que "a comunidade está sendo atendida com a criação de mais um turno e obviamente com a sustentação da estrutura de recursos humanos". (JC e EW)