Foto: Fábio Alexandre |
Pelo menos 70 pessoas devem |
Um grupo de estudantes, liderado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), invadiu a reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) nesta terça-feira (5) com a intenção de permanecer por 24 horas. De acordo com os manifestantes, pelo menos 70 pessoas devem passar a noite nas instalações do gabinete do reitor Carlos Augusto Moreira Júnior, que está em viagem à Europa. A direção da UFPR determinou a saída de todos os funcionários e trancou as outras portas do prédio, nas quais havia promessa dos estudantes de não entrar.
A invasão pegou a vice-reitora Márcia Helena Mendonça de surpresa. "Pelas informações que tínhamos, a União Nacional dos Estudantes programava uma manifestação para o dia 6", disse. Mas a ocupação do local foi tranqüila. Os estudantes levaram rosas brancas, que foram entregues aos funcionários. Ao chegar à sala da reitoria, Maria Helena foi comunicada pela direção do DCE que eles permaneceriam até amanhã no local. Ela pediu apenas que toda a documentação e o patrimônio fossem preservados. As aulas não foram prejudicadas.
"O objetivo é sensibilizar a sociedade, os meios de comunicação e as autoridades, e pressionar o governo federal, porque a gente acha que esse é o papel do movimento estudantil", disse o diretor do DCE, João Paulo Mehl. Os estudantes pedem a criação de um Plano Nacional de Assistência Estudantil, a destinação de 10% do PIB em investimento na educação e paridade nos conselhos. Por volta do meio-dia, um grupo de oposição à atual direção do DCE fez um protesto contra os ocupantes. Eles preferiam uma atuação mais radical e denunciaram que houve acordo com a reitoria para que a manifestação se fizesse por apenas 24 horas. A direção do DCE sustentou que essa foi uma decisão nacional.
Para a vice-reitora, que despachava de um prédio vizinho, a ocupação do gabinete foi uma "medida de força desnecessária". Segundo ela, o diálogo com os estudantes tem sido satisfatório, não se justificando essa ação. "Mas respeita-se porque foi decisão de assembléia", ponderou. "Os reitores e os estudantes não são adversários, mas aliados na luta pela Universidade." No gabinete do reitor, os estudantes já tinham colocado cobertores e bandeiras da UNE, do DCE e do Movimento dos Sem-Terra (MST). Alguns assistiam à televisão, outros preferiam apenas escutar música e terceiros não abandonaram o computador da reitoria, ligados à internet.