O Conselho Universitário (Coun) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiu ontem abrir sindicância administrativa para apurar se houve irregularidades no processo de consulta que reconduz o reitor licenciado, Carlos Augusto Moreira Júnior, ao cargo. Mesmo assim – sem esperar o término do processo -, na próxima terça-feira, o Colégio Eleitoral se reúne e pode votar a lista tríplice com os nomes dos indicados a ocupar a reitoria. Em seguida, a lista segue para homologação no Ministério da Educação.
Os estudantes não concordam com a decisão e querem que as irregularidades sejam apuradas antes da formação da lista. Eles passaram o dia todo de ontem em frente à Reitoria. Houve muita confusão, vários vidros foram quebrados e um estudante ficou ferido. Até o fechamento dessa edição prometiam passar a noite no local, caso não fossem atendidos pela reitora em exercício, Maria Tarcisa Bega.
Na reunião realizada ontem, a comissão paritária, que comandou a eleição, reafirmou seu pedido de abertura de sindicância, que foi acatado. Até a próxima quarta-feira será escolhida a comissão que vai conduzir o processo. Além disso, embora a comissão paritária tenha confirmado a vitória de Moreira nas urnas, ainda não entregou o resultado oficialmente. Eles condicionaram a oficialização ao término da sindicância, que tem prazo de 30 dias, podendo ser prorrogado. Ontem a noite os membros estiveram reunidos para decidir se iriam manter a posição.
Mas com ou sem resultado, o colégio eleitoral se reúne na próxima terça-feira. Segundo a assessoria de imprensa da UFPR, eles podem homologar a lista sem o término da sindicância e sem a entrega dos resultados pela comissão. A conselheira Maria Lúcia Masson afirma que a investigação não tem como mudar o resultado. ?Não faltou a contagem de nenhuma urna e ninguém votou irregularmente?, sentenciou.
Confusão
Os estudantes não gostaram das medidas adotadas pelo conselho. Rafael Ataíde Marcelino da Silva, que representa os alunos junto ao COUN, diz que é contra a votação da lista sem que a sindicância seja finalizada. Ele afirma ainda que, caso a lista seja votada na terça-feira, alguns estudantes vão tentar mobilizar os demais acadêmicos. ?Vamos mostrar que o processo não foi legítimo?, afirmou.
O clima ontem era tenso nos arredores do prédio da administração. Os estudantes que se opunham à homologação do resultado fizeram protesto com apitos, cartazes e gritos ofensivos à decisão da reitoria de não poderem acompanhar a reunião Coun com a comissão paritária de consulta. Do lado de fora, se armavam em protesto: ?Sem sindicância não tem reitor, Moreira interventor?, gritavam, ou ainda: ?Conselho sem paridade não tem efetividade?.
Pela manhã vidros, foram quebrados e ovos jogados nos cerca de 40 seguranças que impediam a entrada no prédio.
À tarde um estudante do curso de Farmácia se feriu. Os acadêmicos afirmam que ele foi agredido por um segurança com um cassetete e teve sangramento na cabeça. Foi encaminhado para o Hospital de Clínicas. Depois da grande insistência em participar da reunião, o conselho decidiu liberar a entrada de um aluno por curso. Nesta hora, outros aproveitaram para forçar a porta, houve muita confusão e mais vidros foram quebrados.
No fim do dia, a UFPR divulgou uma nota, assinada por várias instituições, afirmando que é preocupante para a sociedade a forma agressiva com que os estudantes vêm se manifestando, tentando impor a vontade da minoria e que as instâncias legitimamente constituídas devem exercer suas funções livremente.
