Acabou ontem a ocupação da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. Após 28 dias, os estudantes aceitaram deixar o local após o grupo ser reconhecido como movimento político pelo Conselho Universitário (Coun), o que deve garantir que não haverá sanções administrativas. Após vistoria, não foram encontrados danos aparentes no prédio.
Iniciada no dia 17 de outubro, a ocupação teve como objetivo conseguir a realização de um plebiscito paritário, com a participação de toda a comunidade universitária, para decidir sobre a adesão da UFPR ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). A reivindicação foi rejeitada em reunião deliberativa do Coun no dia 30. Na mesma sessão, os conselheiros decidiram pela adesão da universidade ao programa do governo federal.
A concessão do status de movimento político, recomendado em parecer pela comissão paritária criada para negociar a desocupação, também vai ajudar a evitar punições no processo judicial movido contra seis estudantes da ocupação.
Em coletiva, o reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, disse que a reunião de ontem do Coun foi positiva para todas as partes. Dela, foi tirada uma resolução que atendeu às reivindicações do movimento que ocupava a Reitoria.
Moreira reconheceu que o prazo para adesão ao Reuni, dado pelo Ministério da Educação (MEC), pode ter sido curto. ?Resta aqui um grande aprendizado para todos. A universidade é um espaço para debate e ele tem que existir sempre?, afirmou. No entanto, ele não deixou de ressaltar a importância da adesão da UFPR ao programa. ?Quando se trata da expansão da universidade, sempre estaremos ao lado do povo?, explicou.
De acordo com o pró-reitor Flávio Zanette, que participou da vistoria da Reitoria após a desocupação, aparentemente não foram identificados danos ao patrimônio da UFPR. ?Tiramos fotos como garantia para os estudantes. Se algo for dado como faltando, verificaremos pelas fotos?, explicou.
Mesmo sem conseguir barrar a adesão da UFPR ao Reuni, a estudante de Comunicação Social Naiady Piva fez uma avaliação positiva do ato. ?Apesar de não termos avaliado os resultados coletivamente ainda, eu acredito que nós conseguimos ampliar o debate sobre a questão?, afirmou. Segundo ela, no processo de ocupação os estudantes sentiram a falta de apoio do Diretório Central dos Estudantes (DCE), tanto que decidiram formar uma chapa e concorrer nas eleições. E ganharam. ?Isso foi um reflexo da base dos estudantes que sentiu a necessidade de um movimento mais combativo?, disse.