“Governo: pare de deixar os servidores de molho!” Esse foi o lema defendido pelos estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que promoveram, ontem pela manhã, uma manifestação em três campi da instituição. Os acadêmicos partiram do Centro Politécnico, passando pelo campus Jardim Botânico e seguiram a pé até o prédio da Reitoria, no centro de Curitiba.
A mobilização tinha como objetivo chamar a atenção do governo para atender às reivindicações dos servidores técnico-administrativos, que estão em greve há mais de dois meses. Usando nariz de palhaço e fazendo muito barulho com apitos e panelas, os manifestantes passaram por alguns prédios da UFPR para tentar conseguir a adesão de outros alunos. Eles chegaram a entrar em salas de aula gritando palavras de ordem como “vamos aderir” e “libera”. Os estudantes também carregavam faixas com mensagens sobre o protesto, e até um fogão foi levado para simbolizar as dificuldades dos estudantes.
De acordo com o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), André Luis dos Santos, a greve dos servidores é justa: “O que o governo está fazendo com eles demonstra um descaso total com a categoria, e eles estão certos em protestar”. Porém, com a paralisação, muitas atividades da universidade foram suspensas, como as refeições dos restaurantes universitários (RUs). “E isso tem trazido dificuldades, principalmente para os alunos mais carentes, que dependem do RU.”
Mas a greve dos servidores técnico-administrativos também tem refletido em outros setores. Segundo o acadêmico do curso de Engenharia Química Luiz Guilherme de Souza, há falta de funcionários nas bibliotecas e para o transporte de alunos que fazem aulas práticas. “Nós estamos a favor dos servidores, mas queremos que o governo atenda a suas reivindicações, pois quem está sendo prejudicado com isso são os alunos”, afirmou.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Paraná (Sinditest-PR), Moacir Freitas, a manifestação dos estudantes é justa, mas os servidores também estão no seu direito de reivindicar. “Eles estão cobertos de razão, porque os mais carentes, que precisam do RU, são os mais prejudicados. Mas os servidores não tinham outra saída senão a greve para pressionar o governo”, finalizou.
Paralisação pode terminar na Segunda
Os servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiram aceitar a proposta do governo federal, porém, irão manter a greve – que já dura mais de dois meses – até que o documento seja assinado. A decisão foi votada pela categoria durante assembléia na manhã de ontem. Na próxima segunda-feira, os servidores voltam a se reunir para avaliar os avanços dessa negociação e podem decidir pelo fim da paralisação.
Mesmo com a aprovação da proposta, fica mantida a retomada da greve, a partir de segunda-feira, pelos servidores do Hospital de Clínicas (HC). Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Paraná (Sinditest-PR), Moacir Freitas, a decisão de greve no HC também foi votada em assembléia e fica mantida até que os demais servidores resolvam voltar ao trabalho. “A greve vai acontecer a partir de segunda-feira”, garantiu. Os servidores do hospital tinham sido impedidos de participar da greve por uma decisão judicial, que foi revogada na semana passada.
Proposta
A proposta apresentada pelo governo federal para os servidores técnico-administrativos das instituições federais prevê um aumento anual sobre o salário-base – de 3% a partir de março de 2005, partindo do piso salarial de R$ 701,98 e teto de R$ 2.158,44. Em janeiro de 2006, seria elevado para 3,6%. Segundo o governo, o impacto financeiro da proposta, em 2005, seria de R$ 341 milhões, e em 2006, de R$ 365 milhões. (RO)